domingo, 11 de outubro de 2009

Big Bang

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." Oscar Wilde

Tanta vida que se acumula, tanta vida não vivida! Petróleo negro derramado, que se desperdiça sem queimar. Não se consome mas consome todo o resto. Essa é a vida com medo da morte. Uma vida sem chama. Existência sem ar. Combustão, fogo, chama. Nem cigarro se pode queimar.

Não se pode consumir a vida, afogada que está no excesso de óleo, álcool de cana, álcool gel...
Há mais petróleo do que se imagina apodrecendo nas vidas semi-mortas dos saudáveis infelizes modernos. Essa dor pungente e distante é a dor de não viver. Gosto negro e oleoso! É a mesma dor insuportável de uma cama confortável e um chuveiro quente, de uma poupança e de uma aposentadoria. De acordar de manhã e saber precisamente todos os detalhes medíocres do seu dia insosso. De se casar, de procriar, de seguir o traçado claustrofóbico de um rebanho que anda em círculos. É a dor de ser mais um, de não pertencer. De ser a sombra dos homens na caverna; de ser os próprios homens na caverna. Falta luz, falta ar, falta fogo, falta vida. E não há o que morrer! Há petróleo, entrando pelas narinas, preenchendo o coração. Sístole, diástole. 12:8 é a pressão. Não há decomposição. Há só acumulo, e angústias.

É essa a história do Big Bang. Em pouco tempo haverá uma grande explosão de todo esse combustível precioso que é desperdiçado sem razão.

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