Aqui vale tudo, todos os humores. e também vale sazonar. vale em todas as línguas, até a inventada. Aqui cabe tudo. eu, você, eles. e também os filmes, os livros, a música e a ciência. um bocadinho da nossa dieta onívora!
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Compass
quarta-feira, 28 de abril de 2010
eu vou pro bar, e vc?
Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem).
No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.
– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.
Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.
O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.
Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.
Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).
– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?
terça-feira, 27 de abril de 2010
Uma história familiar
Já que eu não tenho nada melhor pra fazer, vou contar uma história. Meus pais se mudaram. Depois de alguns anos com a casa à venda, eles conseguiram. Vendaram a casa e foram morar
O meu pai é aquele cara certinho, organizado e metódico. Os livros estão sempre arrumados e as gavetas impecáveis. Todos os documentos estão devidamente guardados e, assim, tudo é encontrado rapidamente. Meu pai é o cara que me deu, certo dia, um guia de organização chamado 5S (senso de ordenação, de utilização, de limpeza, de saúde, de autodisciplina) porque ele não conseguia entender como eu vivia na minha bagunça. Meu pai já não entra mais no meu carro a não ser que ele não tenha outra opção porque o meu carro vive sujo (eu sou uma bióloga que vai pro campo com o carro e, entre muito pó e terra, eu também transporto pedaços de árvores e, no mínimo, algumas aranhas e formigas).
Meu pai é o cara que tem horário pra comer, horário pra dormir, horário pra ir caminhar e assim por diante. É o cara com a rotina infalível. Todo dia ele bate no liquidificador uma vitamina de mamão, maça e leite. Há anos é a mesma vitamina. Ocasionalmente uma beterraba, uma cenoura ou uma pêra. Ocasionalmente. Há anos, também, ele levanta às 6 da manhã. Isso só muda quando ele vai à praia, onde ele dorme até às 8 quando porque está no nível do mar! Mas ele também é um cara engraçado. É o cara que, nesses feriados que estamos na praia com uma galera, faz o café para os remanscentes da balada, já que ele é o primeiro a acordar e desce cedo já de banho tomado e cabelo arrumado! É um cara que faz um número enorme de piadas infames. É um cara que gosta de tranqüilidade, sossego e paz. É, também, um dos caras mais generosos que eu conheço.
A minha mãe é quase o oposto disso tudo. Ela até gosta de ordem, mas é aquela onde a bagunça e a preguiça estão juntas. A minha mãe é filha de nordestina e, sendo assim, ela é uma generala. Mas ela é uma pessoa tranqüila, sem grandes preocupações, que gosta de liberdade e criou as filhas dessa maneira. Ela também é uma pessoa que gosta muito de gente. Ela gosta da casa cheia. Ela gosta de cozinhar para toda essa gente. Ela adora qualquer desculpa para reunir as pessoas que ela gosta e beber e comer e beber e comer. Ela é uma agregadora e agrega mesmo todos em volta dela. Ela gosta muito de ler, sendo o gênero favorito os livros que temos que advinhar quem matou quem e porquê. Ela também gosta de relaxar na frente da TV e assistir todos os seriados de cunho policial que a Universal e a Warner transmitem – de Criminal Minds à Monk, de CSI à Law and Order.
Pois bem, a mudança. Para começar eles tiveram que se desfazer de trocentas coisas porque não tinha espaço para levar tudo. Não fica muito difícil imaginar que o meu pai arrumou todas as coisas dele em uma semana. Primeiro porque ele tem pouca coisa, segundo porque, tirando certos cômodos da casa, no resto quem manda é ela. Livros vendidos no sebo, roupas no brechó, caixas para mandar para as filhas que moram
Uns três dias depois eu liguei e falei com a minha mãe. Foi um relato breve, até. Ela me disse que estava chovendo muito e, por isso, ainda não tinham conseguido instalar a NET. Disse que as cachorras estavam perdidas e, já que estava chovendo, elas não podiam sair e o chão da casa é branco e elas soltam muito pelo. Falou que as caixas ainda estavam espalhadas e que ela estava exausta, mas que estava tudo bem. Sempre está.
Hoje falei com o meu pai. Minha filha, você não tem idéia. Choveu a semana toda e a chuva furou, ou o furo já existia, e a caixa d’água começou a vazar. Inundou tudo lá em cima. Duas bacias para recolher a água das goteiras e toalhas no chão da escada. Aí eu chamei o Vanderlei (explico: ele é o faz tudo super eficiente que ajuda por ali) para ver. Subiu, mexeu e não achava lhufas. Até eu subi pra ajudá-lo. Subi lá no alto onde coloca a bandeirinha, veja. Bom, depois de horas achamos o furo. Ele consertou e garantiu que, até ele morrer, não vaza mais!
Nossa, e a NET? Você não imagina o drama que foi. No começo a Net não podia ser instalada porque não parava de chover. Hoje fez sol e os exímios funcionários da NET vieram aqui. Só conseguimos instalar porque o Vanderlei estava aqui. Ah, é... porque? Não achávamos a caixa da onde deve sair o sinal para puxar para os pontos. Eles tem um aparelhinho que vai procurando a tal caixa. Primeiro eles acharam que estava na frente do quarto lá de fora e quebramos o piso, mas não tinha nada lá. Era o cano central. Quase estouramos o cano! Depois o aparelho apitou num pedaço do quintal ao lado da piscina e o Vanderlei foi lá com a picareta e abriu dois buracos na grama. Achamos a caixa, enfim. Estava enterrada um metro pra baixo, imagina. Aí, como se não bastasse, para puxar o fio para o ponto lá do quarto, tivemos que ir por cima do telhado, furar a laje e depois ainda furar o armário dentro do quarto. Você não tem idéia do transtorno. Ufa!
Caramba...e de resto, pai? Bom, as caixas ainda estão por aqui, né. As caixas mudam de lugar todo dia, mas não somem. Não há um lugar arrumado nesta casa, não há. Puts, pai... você deve estar sofrendo! Você não imagina o quanto! Aí, os outros problemas, aqueles que eu ainda não identifiquei, estão bem. Tudo bem. Mas agora, só alegria! A Mãe já vai poder ver o "CSI"...
E você, filha, como está? .......
update

Biblioteca Digital
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar”.
Castro Alves, 1870

segunda-feira, 26 de abril de 2010
sustenido

sábado, 24 de abril de 2010
match point

All my friends
We go back to your house
We check the charts
And start to figure it out
And if it's crowded, all the better
Because we know we're gonna be up late
But if you're worried about the weather
Then you picked the wrong place to stay
That's how it starts
And so it starts
You switch the engine on
We set controls for the heart of the sun
one of the ways we show our age
And if the sun comes up, if the sun comes up, if the sun comes up
And I still don't wanna stagger home
Then it's the memory of our betters
That are keeping us on our feet
You spent the first five years trying to get with the plan
And the next five years trying to be with your friends again
You're talking 45 turns just as fast as you can
Teah, I know it gets tired, but it's better when we pretend
It comes apart
The way it does in bad films
Except in parts
When the moral kicks in
Though when we're running out of the drugs
And the conversation's winding away
I wouldn't trade one stupid decision
For another five years of life
You drop the first ten years just as fast as you can
And the next ten people who are trying to be polite
When you're blowing eighty-five days in the middle of France
Yeah, I know it gets tired only where are your friends tonight?
And to tell the truth
Oh, this could be the last time
So here we go
Like a sales force into the night
And if I made a fool, if I made a fool, if I made a fool
on the road, there's always this
And if I'm sewn into submission
I can still come home to this
And with a face like a dad and a laughable stand
You can sleep on the plane or review what you said
When you're drunk and the kids leave impossible tasks
You think over and over, "hey, I'm finally dead."
Oh, if the trip and the plan come apart in your hand
Tou look contorted on yourself your ridiculous prop
You forgot what you meant when you read what you said
And you always knew you were tired, but then
Where are your friends tonight?
Where are your friends tonight?
Where are your friends tonight?
If I could see all my friends tonight
If I could see all my friends tonight
If I could see all my friends tonight
If I could see all my friends tonight
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
verso - inverso

Greguerías
teses tarantinescas
aí o Selton Mello e o Seu Jorge filmaram isso... muito bom!
quarta-feira, 21 de abril de 2010
A MENTIRA TEM PERNAS LINDAS
Escreva em letra miúda a sua sensação de grandeza.
Num muro, bilhete, na testa, no verso da tristeza.
Mas escreva em letras miúdas para caber
entre os dentes da raiva, entre os tempos da pausa,
entre o peso e a alça, o desejo e a calça.
Nomeie seus instantes.
Para ler com clareza,
não é a letra que
precisa ser grande.
Tomou em cápsulas para ter coragem,
tomou com água e quis tombar paredes e colunas.
Foi torta e tipicamente tensa na temperatura tonta daquele tempo, mas depois, tranquila,
teceu os fatos, tricotou as tensões e tirou
disso tecidos e tapetes perfeitos para voar.
Tocou o céu e todas as Terras sem tremer,
teimou com as nuvens e entrou pro time dos tristes nunca mais. Testou as últimas chances e tingiu suas
tentativas com cores que antes não tinha nos olhos.
Tinta fresca para novos dias, tempo tenro para tardes
e terraços, trajes tipo preguiça, teatro para todos os tatos, aplausos para todos os toques, temperos para os terços das coisas, tabuleiros para os gestos e detalhes.
E depois de tanto voo, tanto azul, tanto texto, tanta tarde tímida, o túmulo da vergonha transbordou terceiras
intenções e eu também tomei das pequenas cápsulas para tratar as tonturas de ver e nunca ter-te.
Overbodose é um verbo viciado na linguagem. Overbodose.
São doze bodes presos? São bodes expiatórios vagando com os meus segredos. O verbo é over, o verbo é óvulo, ovni, é ovo. O verbo é oco.
O indizível é o que mais odeio. Ele me abusa quando não há canetas, me ouve se leio pra dentro. O verbo é vértebra e músculo,
orgânico como a overdose. Obtuso como um devaneio, vai saber.
O verbo sabe ler? Ele é pobre, não escolhe. O verbo é pele. É bobo,
é bento. É a segunda ideia de Deus, é feito de carne, feito de eu.
O verbo não é vantagem, é direito. Em vinagre vigora meus defeitos,
conserva cabeceiras e olheiras quando me deito.
O verbo é a cama, é a grana, e nunca estamos satisfeitos.
Saiu pra comprar sal. Nem sempre a doce vida é a melhor vida. Doce enjoa. O sal dá sede. Sal deixa a gente vivo. Ele saiu pra comprar sal.
Deixou a casa acesa. A luz em cima da mesa.
mas a sede é sempre vesga.
Ele cruzou esquinas, cruzou os dedos, mal sabia.
ele deixava quando saía, era o frio de estar sozinho, o sal era só até
a esquina, era ela sentir a falta um pouquinho. E ela sentiu.
Ela escreveu na geladeira "o sal acabou".
terça-feira, 20 de abril de 2010
Tudo dito (e eu nem quero justificar nada!)
Tudo começou porque a gente gosta de escrever e escrevia e resolveu publicar. E isso tudo está parecendo um tanto esquizofrênico? Às vezes eu acho que sim, às vezes que não. Deve estar mais pra “surtos bipolares”, então. Mas é que o intuito era justamente esse. Um lugar para que se possa escrever qualquer coisa, mostrar qualquer coisa, colocar qualquer uma dessas tantas coisas que a gente gosta. E são muitas, acredite. No meu caso, é ainda um lugar pra fugir da ciência, do método, da lógica de sempre. Pelo menos eu acho que consigo fugir disso tudo. Serve para cuspir todas as frustrações e limitações dessa vida, mas também serve para dividir informações que eu acho relevante, pedaços de mundo que eu gosto, risos e qualquer outra coisa que talvez você veja e eu não. Dizem que blog é o novo divã. Será? Não sei se o efeito é o mesmo, mas é, definitivamente, mais barato.
Tudo isso é pra dizer que às vezes eu leio meus pensamentos, assim, como um texto pronto e eu não tenho outra opção a não ser escrevê-lo. Tudo isso pra dizer que muitas vezes eu sou obrigada a acender a luz do meu quarto e anotar esses surtos, mesmo que eu já estivesse quase dormindo. Tudo pra dizer que quando eu releio algo que eu tenha escrito, me dá vontade de rasgar, pra depois achar bom e, num terceiro momento, querer colocar fogo no papel. Pra dizer que eu acho certas frases geniais. Dizer que eu gosto é de brincar com as palavras, de mexer com elas, de fazê-las escapar. Tudo pra dizer que certas imagens valem mais que mil palavras, mas conseguir descrevê-las é poesia.
Tudo pra dizer tudo que eu já disse.
Diálogos. Monólogos.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
domingo, 18 de abril de 2010
placebo
engolir trabalho?
pela metade ?
sábado, 17 de abril de 2010
Story of Stuff
Ilha das Flores
sexta-feira, 16 de abril de 2010
em pé
Levante sua voz
Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
Post Blue
It’s in the water baby
It’s in the water baby
It’s in the water baby
It’s in the water baby
It’s in the water baby
It’s in the water baby
It’s in the water baby
Bite the hand that feeds
Tap the vein that bleeds
Down on my bended knees
I break the back of love for you
I break the back of love for you
I break the back of love for you
segunda-feira, 12 de abril de 2010
inutensílios úteis
Poesia, s.f.
Produto de uma pessoa inclinada a antro
Espécie de réstia espantada que sai pelas frinchas de um homem
Designa também a armação de objetos lúdicos com emprego de palavras imagens cores sons etc. geralmente feitos por crianças pessoas esquisitas loucos e bêbados
Poeta, s.m. e f.
Indivíduo que enxerga semente germinar e engole céu
Espécie de um vazadouro para contradições
Sujeito inviável: aberto aos desentendimentos como um rosto
Trapo, s.m.
Pessoa tendo passado muito trabalho e fome deambula com olhar de água suja no meio das ruínas
Diz-se também de quando um homem caminha para nada
Pedra, s.f.
Indivíduo que tem nas ruínas prosperantes de sua boca avidez de raiz
Lugar de uma pessoa haver musgo
Palavra que certos poetas empregam para dar concretude à solidão
Apêndice:
Olho é uma coisa que participa o silêncio dos outros
Coisa é uma pessoa que termina como sílaba
O chão é ensino.
Charlotte Gainsbourg and Beck
She’s sliding, she’s sliding
down to the depth of the world
She’s fighting, she’s fighting
the urge to make sand out of pearls
Heaven can wait
and hell’s too far to go
Somewhere between
what you need and what you know
And they’re trying to drive that escalator into the ground
She’s hiding, she’s hiding
on a battleship of baggage and bones
There’s thunder, there’s lightning
and an avalanche of faces you know
Heaven can wait
and hell’s too far to go
Somewhere between
what you need and what you know
And they’re trying to drive that escalator into the ground
...
cansaço de escada rolante, má??!
Macy Gray
we need more lovin'
we need more money
they say...
change is gonna come
like the weather
they say forever
they say
So baby in between
notice the blue skies
notice the butterflies
notice me
stop and smell the flowers
and lose it
in sweet music
and dance
....
domingo, 11 de abril de 2010
mais amor, por favor
tão simples e tão necessário.


sexta-feira, 9 de abril de 2010
no sapato
-opa
- tropeçou?
- ahn?
- tropeçou no p....
- ahn?
- no p, sim. você queria um OBA!!
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Drummond
quinta-feira, 8 de abril de 2010
mais um dragão

quarta-feira, 7 de abril de 2010
todo dia ainda
todo dia
já que todo dia ela faz tudo sempre igual, hoje podia ser diferente. todo dia poderia...
e é por isso que hoje (quiçá sempre) eu quero que uma coisinha pequenininha me surpreenda. pode ser? não é pedir muito, é?

terça-feira, 6 de abril de 2010
Holi - o festival das cores



(des)alinhado
segunda-feira, 5 de abril de 2010
modern guilt
Copo meio cheio, meio vazio? Nunca é. Nada será como vc imaginou, nada será ideal, nada é perfeito. As coisas são e ponto e pronto. Viver. Só isso que precisamos fazer. E da melhor maneira possível, do jeito de cada um. Tentar fazer isso sem culpa, sem cobrança. Esse é o problema. O maior deles. Expectativas dos outros que viraram nossas. Viraram minhas na hora que eu aprendi a fazer xixi na privada e abdiquei da fralda. Depois disso foi só no imperativo. Meu e deles. Faça. Seja. Queira. Sei. Fácil, né?!
De algum jeito é. Alguém sempre vai te dar alguma coisa que você quer ou precisa, na hora certa e na hora errada. Importa e não importa, mas faz tudo valer a pena. As coisas simples. A euforia de momentos bobos. A beleza trivial dos atos e dos fatos. Só lembre-se de encher o copo meio vazio com sabores diferentes e tomar sem medo. Pode vir um gosto amargo ou azedo, mas será diferente. No fundo, é só isso que interessa.
Sem otimismo, sem pessimismo. Afinal, o otimismo de um pode levar a cegueira, ou te manter numa ingenuidade perigosa, mas também leva à esperança e à confiança. E o pessimismo, e a crítica? Morreria sem ou com ela? Ela que me deixa desconfiada, incrédula, cética. Ela que resiste a tudo e a todos, mas que eu não sei deixar de ouvir. Deveríamos conseguir manter a ingenuidade parcial das crianças e a desconfiança dos adultos. Sem se jogar de mais, mas, principalmente, sem se jogar de menos. Senão tudo perde a graça. Tudo.
Mas quem consegue? Não conheço, acho. Talvez os inconsequentes; talvez as macabéias. Tudo para não ir levando aquela vidinha besta de todo dia. Acontece que a sua mesmice não é igual a minha e a minha mesmice impressiona muita gente. E agora? Não sei parar e devoro tudo. O que eu não consigo é justamente relaxar e falar foda-se. Me assusta pensar que cada vez mais eu diminuo o círculo de pessoas com quem eu consigo conversar e, portanto, conviver. Fadada à solidão? À pessoa arrogante e chata que está sempre querendo ir embora? Sempre se irritando? Não sei, não sei, mas é assustador.
E nessa hora, quero ir embora porque o pensamento nunca está ali na sala, no meio da conversa. Ele está sempre no que foi ou no que será, naquilo que interessa, naquilo que deveria estar acontecendo e, normalmente, não está. Se houvesse culpados, quem seriam? A família que te criou, a escola que te educou, as escolhas que fez, as pessoas que não fizeram igual? O breve momento de identificação releva os anos de diferença?
two way street
domingo, 4 de abril de 2010
momentum
Permanecer, o mais insustentável dos verbos. E eu, dopada, achando que consigo. Mantenho o metabolismo basal. Aos poucos ele me mostra como é fácil. Só respirar, comer, dormir e, quando necessário, colocar para fora um pouco da alegria, da raiva, da tristeza. Ser simples. Viver simplesmente. Se manter no aqui, no agora. sem querer fugir daquilo que desconhecemos. sem querer ficar, porque ficar implica em não sustentar nem o mais trivial entre nós. sem fazer força para nada, pois sei que o nada não existe ali. ali tem peso, sempre teve, sempre terá.
No dia seguinte começa tudo de novo. respiro. como. durmo. e extravaso o sentimento do agora. e assim vou. vamos. vais.
distraídos venceremos
alguém em mim que eu desprezo
sempre acha o máximo.
Mal rabisco,
não dá mais para mudar nada.
Já é um clássico.