Helena começou a se afastar da vida levemente desatenta, como quem atravessa a rua sem olhar. Sofreu muito contida a perda de tudo que vai com a idade; a morte de sua avó, de seu avô, e do seu cão idoso. Tudo que lhe diziam que ia no seu devido tempo, no curso natural das coisas. Mas ela não agüentava a perda, e lentamente se afastou de tudo que pudesse lhe trazer sofrimento. Afastou-se dos idosos e dos cães. Afastou-se de tudo que era mais velho que ela. Mas logo percebeu que não só o tempo leva tudo, o acaso leva tudo, a vida leva tudo, tudo nasce morto ou se vai em morte súbita. Então se distanciou das crianças, frágeis que são, e também dos vasos de porcelana, e dos vidros muito finos. Andava sempre com muito cuidado, pisando de leve no chão. Tentou de tudo, mas não podia prevenir acidentes, ainda chutava a quina da mesa, ainda via quedas de aviões e finais de romances. Helena então desistiu! Viu que era mais frágil do que todas as coisas das quais se afastava. E então se afastou de si mesma. Quando ele a conheceu, Helena já carregava a própria carcaça, tão certa que estava de sua morte iminente. Mas não tinha mais o que temer. Havia se afastado tanto de si mesma, que já não havia mais nada para morrer...
A Liss disse que a gente tá ficando inconveniente! rsrsrs
ResponderExcluiryeah yeah ;)
Carácoles!!! Agora entendi o motivo pelo qual vcs andaram julgando o Blog meio deprê :0
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