quarta-feira, 6 de maio de 2009

A queda do muro

Éramos oito ou nove meninas (ou melhor, mulheres, já que estamos todas pra balzaquear) sentadas em roda, tomando cerveja num fim de dia qualquer. As conversas que surgem dessas rodas são sempre diversas, sempre interessantes e, principalmente, engraçadas, porque depois de passar horas transcrevendo a fita do Seu Valdomiro, analisando dados multivariados, procurando DNA em pipeta, explodindo a centrífuga ou corando embriões de sementes minúsculas, nós só sabemos falar bobagens, baldes de bobagens.
Pois bem, depois de termos salvo o mundo de cinco maneiras diferentes, criado uma nova seita etno-eco-sustentável (essa história eu conto outro dia) e discutido todas as cafonices que aconteceriam “se o Wando me amasse”, o assunto, logicamente, foi desviado para os casais xexelentos e as xexelências que não suportamos.
Apareceram todas aquelas que nós já conhecemos, mas continuamos compartilhando porque sempre irritam. Temos o casal que muda a voz ao falar no telefone, o casal que fica se beijando e fazendo barulhos no cinema, o casal em que um espreme a espinha do outro na praia, no parque ou algum outro lugar parecido, e o casal que fica de moshi-moshi e/ou cuti-cuti em todo e qualquer lugar público.
Eis que, aí, uma amiga, que tem opiniões muito particulares e específicas, sobre coisas também muito particulares e específicas, diz que a xexelência mais insuportável, a pior de todas, pior mesmo, é aquela onde casais (dizer que são chatos é redundante) formam um muro grande e imóvel em shows de rock.
Explico. O muro, ou murinho, consiste num “abraço” onde o homem fica atrás da mulher a abraçando de forma que todos os seus enormes músculos, os da parte superior de seu corpo, ficam evidentes. Nem um, nem outro, conseguem se mexer, claro. Ela, porque ele praticamente deu uma chave de braço nela e, ele, porque não pode, em hipótese alguma, relaxar, desfazendo a posição de defesa. Afinal, músculos previamente preparados na academia precisam ser vistos. Pronto, muro formado e opressão feita porque você, dançando e pulando com toda empolgação dos seus músculos, ouvindo a guitarra, a bateria, o baixo, o vocalista etc., vai, invariavelmente, tropeçar num murinho e receber um olhar daqueles.
É, com certeza, eles ficam muito melhor posicionados numa sala qualquer ao som do CD da banda, ou melhor, o CD com os hits da banda...

4 comentários:

  1. hahahahah...fenomenal!!! já sinto os novos tempos, mais alegres, com muito amor no ar (nem tanto vai, sem exageros)...hehe...agora vem a saga das mulheres inconvenientes!

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  2. hohoho
    é... sem exageros. vamos incomodar mais um pouco, vai!

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  3. hahaha... acho que chegamos a um patamar generoso da jocosidade humana: as excentricidades cotidianas. e nesse grupo de mulheres aí (ei, quem explodiu a centrífuga? hahaha) o que falta numa, brota na outra, num cascatear de groselhas coloridas de todas as estirpes e perfis.
    felizmente acreditei no michael (*you are not alone*)
    ... e acabei de queimar a bunda do bolo de chocolate pelo qual passei os últimos 40 minutos esperando.
    um drama.

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  4. hahaha
    never alone! sempre com groselha ;)

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