segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ilustra




too little, too much


On one hand, there is the anxiety that one may be missing something, so that the mind flits nervously and greedily from one pleasure to another, without finding rest and satisfaction in any. On the other, the frustration of having always to pursue a future good in a tomorrow which never comes, and in a world where everything must disintegrate, gives men an attitude of “What’s the use anyhow?”

Alan Watts em The Wisdom of Insecurity

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

2009 em imagens


Enchente em Manila.


tempestade de areia em Sidney.

Good old times

África Selvagem






Mais em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/2009/11/091113_galeria_animais_df_np.shtml

Travel Photographer of the Year

A foto da jovem no balanço, no Japão, é do canadense Kevin Cozma e obteve menção especial. Em janeiro, as fotos vencedoras e as menções honrosas serão expostas em Londres.

Mais em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/12/091223_galeriatravel_ba.shtml

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

grizzly bear - while you wait for the others



while you wait on the answers that I'll pretend to find
keeping up with emotions still occupies our time
....

either way





segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

a pérola

da nostalgia (quiçá...)

"Na época eu era um sujeito perseguido pelas nostalgias. Sempre tinha sido, e não sabia como me livrar da saudade para viver tranquilamente.
Ainda não aprendi. E desconfio que nunca vou aprender. Mas pelo menos já sei uma coisa valiosa: é impossível me livrar das saudades porque é impossível se livrar da memória. Você não pode se livrar daquilo que amou.
Isso tudo vai estar sempre com a gente. Sempre vamos desejar recuperar o lado bom da vida e esquecer e destruir a memória do lado mau. Apagar as perversidades que cometemos, desfazer a lembrança das pessoas que nos magoaram, eliminar as tristezas e as épocas de infelicidade.
É totalmente humano, então, ser nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. Talvez, por sorte nossa, a saudade possa se transformar, de uma coisa depressiva e triste, numa pequena faísca que nos impulsione para o novo, para nos entregar a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas será diferente. Isso é o que todos nós procuramos todo dia: não desperdiçar a vida na solidão, encontrar alguém, entregar-nos um pouco, evitar a rotina, desfrutar a nossa parte da festa."
Pedro Juan Gutiérrez - Trilogia suja de Havana

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

domingo, 8 de novembro de 2009

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

sábado, 31 de outubro de 2009

monsters of folk

muito bom!

Mulheres no Vocal - parte III

Feist...!




Mulheres no Vocal - parte II

Cat Power!!




Mulheres no Vocal - parte I

Regina Spektor - uma Russa/Americana com pianos, cordas e letras interrompidas!




quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Nuts

I rest my case...!

Small World

concurso de fotografias microscópicas da Nikon. Muitas fotos legais!




aqui ó

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Yo La Tengo - Here to Fall

adoro!


Buddies

She was desperately looking for a fuck-buddy.
It all started like that.
Then, very quickly, he became a fuck-sleep-buddy.
Not long after that, o fuck-sleep-eat breakfast-buddy.
A fuck-eat-sleep-have random fun-buddy…then a fuck-eat-sleep-have random fun-go to the movies-buddy.
But very soon after he became a fuck-eat-sleep-have random fun-go to the movies- share secrets buddy, she ended the relationship. Not because she wanted anything else. Everything was exactly as she always dreamed of. It was the length of his name that was bothering her. It had been taking her so much time to name him that they didn´t have any more time to fuck, or eat, or sleep, or have random fun, or go to the movies, or share secrets. A very sad story!

one heart beat


distribuição normal?!








mais dessas coisas: frkncngz

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Small Potatoes




Small Potatoes by Paul Madonna

therumpus.net

Wildlife Photographer of the Year

Algumas fotos - as 5 que o site permite que eu pegue e poste sem pedir permissão!


De baixo pra cima

















Formiga se refrescando

















Borneo Baby

























Branco no Branco












E uma em branco e preto
















veja todas as fotos do wildlife photographer of the year.

2x + xy


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Shelby Sifers - Are You Devo

vídeo fofo onde os letreiros montam a letra da música!

upa!

domingo, 11 de outubro de 2009

Big Bang

"Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe." Oscar Wilde

Tanta vida que se acumula, tanta vida não vivida! Petróleo negro derramado, que se desperdiça sem queimar. Não se consome mas consome todo o resto. Essa é a vida com medo da morte. Uma vida sem chama. Existência sem ar. Combustão, fogo, chama. Nem cigarro se pode queimar.

Não se pode consumir a vida, afogada que está no excesso de óleo, álcool de cana, álcool gel...
Há mais petróleo do que se imagina apodrecendo nas vidas semi-mortas dos saudáveis infelizes modernos. Essa dor pungente e distante é a dor de não viver. Gosto negro e oleoso! É a mesma dor insuportável de uma cama confortável e um chuveiro quente, de uma poupança e de uma aposentadoria. De acordar de manhã e saber precisamente todos os detalhes medíocres do seu dia insosso. De se casar, de procriar, de seguir o traçado claustrofóbico de um rebanho que anda em círculos. É a dor de ser mais um, de não pertencer. De ser a sombra dos homens na caverna; de ser os próprios homens na caverna. Falta luz, falta ar, falta fogo, falta vida. E não há o que morrer! Há petróleo, entrando pelas narinas, preenchendo o coração. Sístole, diástole. 12:8 é a pressão. Não há decomposição. Há só acumulo, e angústias.

É essa a história do Big Bang. Em pouco tempo haverá uma grande explosão de todo esse combustível precioso que é desperdiçado sem razão.

sábado, 19 de setembro de 2009

Hold still

Whenever you have to go, go.
And when you've left, you've left.
Being here.
Here is left empty.
The room is empty. The city is empty.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Keepin(g)sane

Estou acostumada com a desordem. Sempre flertei com os aspectos anormais do mundo. Desde pequena me perguntava se era louca. Sentia-me diferente. Mas que criança não se sente. Cresci, vivi, e agora me pergunto: quantos graus me separam da loucura?

Até pouco tempo atrás bater os pés no chão era simplesmente isso, um extravazar de sentimentos e angústias. Mas agora...virou síndrome das pernas nervosas.
E que nome você dá para alguém que esquece muito as coisas? distraído, avoado?Não, não! Quando é muito novo tem DDA, quando é muito velho tem Alzheimer. E se alguém não esquece nada, nunca? É inteligente, um gênio até. Mas e se não esquece somente um único acontecimento, sofre de estresse pós-traumático...
Quantos graus me separam da loucura?

E uma pessoa que se preocupa demais com as coisas? É responsável? E que se preocupa demais a ponto de perder o sono e o apetite? É neurótico!

Como você chama alguém que gosta de tudo no seu lugar? Organizado? E alguém que sente falta de ar e tontura quando vê um quadro torto? Obsessivo conpulsivo!
Quantos graus me separam da loucura?

Que nome você dá para alguém que lê o jornal ao contrário? Autista?
E alguém que lê o jornal ao contrário, do ano contrário, de ponta cabeça, embaixo da mesa da cozinha?
Quantos graus me distanciam da loucura?

E aquele que imagina um mundo de fantasia e pessoas imaginárias? Escritor? Artista? Mas e quando passa a acreditar que é esse mundo é real?
Quantos graus me separam da loucura?

Será que realmente me importo com isso? Será que por não me importar sou louca? Como aliviar essa paranóia? Como você chama alguém...que não sabe se é louco?

Sempre lembro daquela brincadeira que dizia que todos os atores estão à até seis graus de separação do Kevin Bacon. Tal ator trabalhou em tal filme com outro ator que trabalhou com Kevin Bacon, sabe? Antes eu pensava que eu era um desses atores medíocres, a cinco ou seis graus de separação da insanidade, hoje em dia, tenho certeza, eu sou o Kevin Bacon, bem no olho do furação, bem no vórtex da loucura!

Sabe toda aquela história de cada louco com sua loucura? A maior balela! Nem isso nos deixam mais ter. Todo louco com as mesmas loucuras, diagnosticados, encaixotados.

No momento em que passamos a compartilhar as nossas pequenas insanidades vemos que estamos encrencados. A loucura é particular, individual, não pode ser copiada. Tem que vir de dentro com a ajuda da musa inspiradora. É uma mistura de criatividade com desrespeito, insolência e uma pitada de coragem!

sábado, 22 de agosto de 2009

Andando pela sombra


Evolução?!?

A arte é uma forma de compensação infeliz pelo acaso da inteligência humana, pelos remendos da evolução. A evolução é como um homem moderno, que desesperadamente produz inovações úteis a curto prazo para lidar com os efeitos colaterais depois. Somos deixados à mercê da nossa própria inteligência limitada, dos nossos infames desejos criativos.

Em construção...

Raquel era uma mulher estranha. Essa era a única verdade que alguém poderia dizer a seu respeito. Nasceu de maneira atípica, com dez meses de útero, como se fosse de nova espécie. Nasceu gostando de ficar. Saindo, chorou mais do que todas as outras crianças a saudade da barriga. O útero foi o único lugar que ela realmente conheceu.

Sua mãe era de natureza tranquila e distraída, levemente relapsa, criando o ambiente propício para uma criança aprender. Nunca ninguém soube quem era seu pai. Foi nesse ambiente que Raquel aprendeu a questionar. Desde muito nova. Nenhum ser adulto estava lá para guiá-la. Nasceu no meio de um amor livre de regras, como nenhum amor de mãe. Era mais como uma afeição como as que se tem por filhotes em geral, nada de instinto materno, nada de luta pela prole. Nenhuma projeção, nenhuma intenção de responder a nada, de reproduzir um mundo, de corresponder a algum ideal. Sua mãe existindo na inércia permitiu que Raquel ascendesse em excelência...

domingo, 2 de agosto de 2009

Nostalgia

Acordei cantando na minha cabeça "super fantástico amigos como é bom estar contigo nesse balão!...lalalala". E me pus a pensar sobre nostalgia. Será que eu tenho uma noção errônea do que seja nostalgia? Pra mim sempre foi uma coisa boa. Como saudades. Um sentimento legítimo que faz parte de todos que passaram por momentos bons da vida e não quiseram se esquecer. Questionei por que você lista nostalgia junto dos meus aspectos negativos?

Como ultimamente tenho pensado muito sobre como a língua reflete a forma de um povo enxergar o mundo pensei que talvez fosse porque fui criada numa língua que carece da palavra saudade e talvez para mim a nostalgia seja a palavra mais próxima disso. Então fui, é claro perguntar aos "pais dos burros" (que, na minha opinião, deveria ser chamado "pai dos curiosos o suficiente para querer saber a definição de uma palavra segundo anos de estudo da literatura de uma língua" ou mais breve e recente “filho dos lexicógrafos"). No Collins a definição de nostalgia é a seguinte: "nostalgia is a slightly sad and very affectionate feeling you have for a particularly happy time in the past." Gostei. É como me sinto. Fui então olhar o Aurélio pensando: olha que legal, na língua portuguesa "slightly sad and very affectionate feeling" pode ser substituída por uma só e bela palavra: saudade! Mas pasmem. O que encontrei no Aurélio: "nostalgia: saudade da pátria", só, nada mais. Acertei a saudade mas nem imaginava que seria da pátria. Viés literário, pensei, afinal historicamente muito da literatura na língua portuguesa fala dos navegantes que se jogaram aos mares para descobrir o mundo, ou eram os colonos em países exótico, saudosos da sua terra natal? Mas o meu Aurélio é daqueles gigantes, antigos...deve existir uma definição na língua portuguesa mais recente, que venha do povo, já sei! Diretamente dos teclados de pessoas comuns como eu e você, sem academicismos: Wikipedia:

"Nostalgia descreve uma sensação de saudades de um tempo vivido, freqüentemente idealizado e irreal.

Nostalgia é um sentimento que surge a partir da sensação de não poder mais reviver certos momentos da vida.

O interessante sobre a nostalgia é que ela aumenta ao entrar em contato com sua causa e não diminui como o sentimento da saudade. Exemplo: se alguém sente saudades ou falta de um conhecido, este sentimento cessa ao se reencontrar a pessoa, com a nostalgia é exatamente o oposto, ao reencontrar um amigo que gostava de brincar, este sentimento nostálgico irá se alimentar e não diminuir como a saudade. "


Acho que cheguei a algum lugar agora. Talvez seja isso que você vê em mim: uma pessoa que vê o passado de forma idealizado e irreal? Talvez te incomode que essa minha sensação se repete, não passa com o tempo e se fortalece diante do contato com coisas que me lembrem o passado.
Me ocorre que sou ontogeneticamente nostálgica, segundo a definição do Aurélio. Ou seja, minha história de vida me leva a ter saudades de uma pátria, pois meu passado lá está. E pensei que talvez você devesse me entender melhor, afinal seu povo é, em minha opinião, o povo mais nostálgico que tem. Todo ano se reúnem ao redor de uma mesa para falar da fuga do povo de uma pátria, da busca dessa pátria, da busca pela liberdade, apesar de hoje vocês terem essa pátria e essa liberdade.

Mas o que eu gostaria que você entendesse, e que só agora fui entender melhor eu mesma, é que quando falo do passado não é saudades que sinto, é nostalgia. Não é vontade de voltar ao passado, porque tenho certeza que se o retorno fosse possível não seria a mesma coisa. Aquelas águas chegaram ao oceano. O rio, que é nossa vida, continua fluindo, nem a água e nem o entorno é o mesmo e não será jamais. Vou continuar fluindo e passando por novas margens mas não me esqueço das paisagens anteriores, e não acredito que isso seja um dos meus pontos fracos (apesar de eu ter muitos). Para mim, nostalgia pode ser também criativa e nos levar a sermos pessoas melhores.

contribuição de lichia

never ending (?)

Why when and to whom do we bear ours souls? When we bear ours souls do we do it because we let our guards down or because we never put it up in the first place? Sometimes I feel I am too compassionate. Yes "too" because I am ever trying to comprehended other people, their sufferings, their reasons but seldom do I work this compassion on myself. But then it wouldn’t be compassion...would it? Self-passion?

contribuição de lichia

sábado, 1 de agosto de 2009

Flightlessness

Having never flown was one thing
But once the wings have been grown to be kept off the ground is a harsh thing indeed!
I feel like I'm tied to the ground but beating my wings
Desperately trying to take flight.
Not knowing when my time will come.
Knowing that I must do something to be free.
Just beating my wings is not good enough.

contribuição de lichia

The dangers of light pollution!

In the words of a rural(!) New Yorker, simply because Verlyn Klinkenborg said it best:
"In the end, humans are no less trapped by light pollution than the frogs in a pond near a brightly lit highway. Living in a glare of our own making, we have cut ourselves off from our evolutionary and cultural patrimony—the light of the stars and the rhythms of day and night. In a very real sense, light pollution causes us to lose sight of our true place in the universe, to forget the scale of our being, which is best measured against the dimensions of a deep night with the Milky Way—the edge of our galaxy—arching overhead."

contribuição de lichia

terça-feira, 28 de julho de 2009

...

Light squeezes through minute gaps between the threads that make up the living room curtains. The sleekness of these waves. Their wish to permeate every possible space. Why can't we, humans, be elemental? Physical like the waves of light and sound? There is a lifetime to be found in this world...

Lichia

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Armadilha


Life flows at it’s own pace

Yet we humans believe it possible to up-beat this pace or slow it down. With many chemicals and behaviours we attempt this and the deception of not achieving such for more than a few moments is often frustrating. Once again the idea of finding equilibrium with nature’s timing projects itself at the back of my mind, as a solution. If only it were as easy to put it in practice as to realise such a thought. I guess that’s the difference between realising and realization. And today’s pace is ever growing faster, needless to say why...

lichia!

Time or lack there of

Watched the handles of the clock rotate all the way once. The pulsing of time that has lost connection with the true pulse...the pulsating of several different frequencies, complexly balanced by the action being carried out or, the emotion being felt or both in congruence. The pulsation should be free to change naturally and adjust, still we insist in standardizing everything. Conforming to seconds, minutes and hours....days months and years. And so, every time I look at a clock or at the calendar my system is filled with stress hormones. Because time isn't conforming to my needs or is it the other way around? I'm quite certain it's not. There is and should be nothing absolute about time. It should and is relative to all, including our perceptual and cognitive abilities to perceive and deal with it.


contribuição de lichia!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Vênus – Sexo, Gênero e a Evolução do Homem.

A figura feminina parece causar, desde os primórdios da representação humana, um misto de fascínio e medo, de desejo e culpa, de veneração e repulsa. Ao que tudo indica, a nossa capacidade de estabelecer relações simbólicas com a natureza e com a sociedade surgiu com a Revolução Criativa do Paleolítico Superior (30.000-60.000 anos), ou Big Bang da cultura humana como Steven Mithen prefere chamar. Acredita-se que um aumento da fluidez cognitiva nesse período pode ter sido responsável pelo surgimento da arte, já que é a partir dessa época que surgem as primeiras pinturas rupestres, que se disseminam os artefatos de ossos, alguns objetos de adorno pessoal e estatuetas figurativas.
Das esculturas paleolíticas, são famosas as estatuetas femininas de pequenas dimensões designadas genericamente por Vênus, e identificadas como possíveis ídolos para o culto da fertilidade e sexualidade. A fertilidade não era mais concreta no display das nádegas avermelhadas e túrgidas de fêmeas primatas, ela passa a ser uma idéia, que pode ser armazenada em artefatos e transportadas nas mãos dos homens e mulheres modernos.
Entre as mais antigas estatuetas contam-se as Vênus da Europa, como a Vênus de Lespugue (27.000 anos, França), a
Vênus de Dolní Věstonice (27.000-31.000 anos, República Tcheca), a Vênus de Willendorf (24.000-26.000 anos, Áustria), e a Vênus de Laussel (20.000 anos, França).

A Vênus de Willendorf (24.000-26.000 anos, Áustria), cuja réplica está em destaque, é uma estatueta com 11,1 cm de altura. Foi descoberta em um sítio arqueológico Paleolítico próximo ao vilarejo de Willendorf, Áustria, em 1908, pelo arqueólogo austríaco Josef Szombathy (1853-1943). Parece ter sido esculpida em calcário oolítico, material que não existe na região, e colorido com ocre vermelho. Essa estatueta não pretende ser um retrato realista, mas uma idealização da figura feminina. A sua vulva, seios e barriga são extremamente volumosos, de onde se infere que tenha uma relação forte com o conceito da fertilidade.

Vênus é a deusa romana do Amor e da Beleza, equivalente grega de Afordite. O nome Vênus dado para as estatuetas do Paleolítico Superior pode causar alguma relutância a certos estudiosos, que não conseguem ver nesta figura a imagem clássica de uma Vênus. Isso porque a Vênus que o ocidente espelha é, na maioria dos casos, a Vênus Pudica, um tipo de estátua Clássica que tenta encobrir com as mãos os seios e a região púbica, como a Vênus Capitolina (350 BC), por exemplo, ou a pintada por Botticetlli em o “Nascimento de Vênus”.

As Vênus clássicas, ao mesmo tempo em que exibem sua sexualidade, tentam suprimir sua faceta mais física e manifesta, evidenciando um erotismo já domado pela civilização. A Vênus de Willendorf, por sua vez, se assemelha muito mais à “Vênus Impudica”, termo cunhado em 1864 por Marquis Paul de Vibraye, uma vez que não faz qualquer tentativa de esconder a sua sexualidade. Seu corpo volumoso, seus seios fartos, seu amplo abdômen e sua vulva evidente contrastam com a estética clássica, manifestando um gosto não refinado, não civilizado, ou ainda, “primitivo”. A Vênus de Willendorf, talvez represente a mulher em um estado irrestrito pelos tabus culturais e convenções sociais. Como uma das primeiras idealizações da mulher, parece estar mais próxima da feminilidade natural, perdida pelas Vênus Clássicas, já subjugadas pelo processo civilizatório que consolidou o patriarcado e as crenças Judaico-cristãs acerca da personalidade feminina.

Assim, apesar de ser muito difícil acessar o que motivou as representações artísticas do homem do Paleolítico Superior, parece evidente que há um contraste entre os conceitos de feminino, fertilidade e sexualidade daquela época, com o que se tem na modernidade. Se na sociedade de hoje faz sentido a famosa frase de Simone de Beauvoir “não se nasce mulher; torna-se mulher”, muito provavelmente as mulheres que inspiraram as Vênus do Paleolítico parecem ter sido mais livres para simplesmente nascer mulheres, e transbordar fertilidade e sexualidade sem os refreios de uma civilização forjada nos milhares de anos que se seguiram à explosão criativa do Paleolítico Superior.