sábado, 22 de agosto de 2009

Andando pela sombra


Evolução?!?

A arte é uma forma de compensação infeliz pelo acaso da inteligência humana, pelos remendos da evolução. A evolução é como um homem moderno, que desesperadamente produz inovações úteis a curto prazo para lidar com os efeitos colaterais depois. Somos deixados à mercê da nossa própria inteligência limitada, dos nossos infames desejos criativos.

Em construção...

Raquel era uma mulher estranha. Essa era a única verdade que alguém poderia dizer a seu respeito. Nasceu de maneira atípica, com dez meses de útero, como se fosse de nova espécie. Nasceu gostando de ficar. Saindo, chorou mais do que todas as outras crianças a saudade da barriga. O útero foi o único lugar que ela realmente conheceu.

Sua mãe era de natureza tranquila e distraída, levemente relapsa, criando o ambiente propício para uma criança aprender. Nunca ninguém soube quem era seu pai. Foi nesse ambiente que Raquel aprendeu a questionar. Desde muito nova. Nenhum ser adulto estava lá para guiá-la. Nasceu no meio de um amor livre de regras, como nenhum amor de mãe. Era mais como uma afeição como as que se tem por filhotes em geral, nada de instinto materno, nada de luta pela prole. Nenhuma projeção, nenhuma intenção de responder a nada, de reproduzir um mundo, de corresponder a algum ideal. Sua mãe existindo na inércia permitiu que Raquel ascendesse em excelência...

domingo, 2 de agosto de 2009

Nostalgia

Acordei cantando na minha cabeça "super fantástico amigos como é bom estar contigo nesse balão!...lalalala". E me pus a pensar sobre nostalgia. Será que eu tenho uma noção errônea do que seja nostalgia? Pra mim sempre foi uma coisa boa. Como saudades. Um sentimento legítimo que faz parte de todos que passaram por momentos bons da vida e não quiseram se esquecer. Questionei por que você lista nostalgia junto dos meus aspectos negativos?

Como ultimamente tenho pensado muito sobre como a língua reflete a forma de um povo enxergar o mundo pensei que talvez fosse porque fui criada numa língua que carece da palavra saudade e talvez para mim a nostalgia seja a palavra mais próxima disso. Então fui, é claro perguntar aos "pais dos burros" (que, na minha opinião, deveria ser chamado "pai dos curiosos o suficiente para querer saber a definição de uma palavra segundo anos de estudo da literatura de uma língua" ou mais breve e recente “filho dos lexicógrafos"). No Collins a definição de nostalgia é a seguinte: "nostalgia is a slightly sad and very affectionate feeling you have for a particularly happy time in the past." Gostei. É como me sinto. Fui então olhar o Aurélio pensando: olha que legal, na língua portuguesa "slightly sad and very affectionate feeling" pode ser substituída por uma só e bela palavra: saudade! Mas pasmem. O que encontrei no Aurélio: "nostalgia: saudade da pátria", só, nada mais. Acertei a saudade mas nem imaginava que seria da pátria. Viés literário, pensei, afinal historicamente muito da literatura na língua portuguesa fala dos navegantes que se jogaram aos mares para descobrir o mundo, ou eram os colonos em países exótico, saudosos da sua terra natal? Mas o meu Aurélio é daqueles gigantes, antigos...deve existir uma definição na língua portuguesa mais recente, que venha do povo, já sei! Diretamente dos teclados de pessoas comuns como eu e você, sem academicismos: Wikipedia:

"Nostalgia descreve uma sensação de saudades de um tempo vivido, freqüentemente idealizado e irreal.

Nostalgia é um sentimento que surge a partir da sensação de não poder mais reviver certos momentos da vida.

O interessante sobre a nostalgia é que ela aumenta ao entrar em contato com sua causa e não diminui como o sentimento da saudade. Exemplo: se alguém sente saudades ou falta de um conhecido, este sentimento cessa ao se reencontrar a pessoa, com a nostalgia é exatamente o oposto, ao reencontrar um amigo que gostava de brincar, este sentimento nostálgico irá se alimentar e não diminuir como a saudade. "


Acho que cheguei a algum lugar agora. Talvez seja isso que você vê em mim: uma pessoa que vê o passado de forma idealizado e irreal? Talvez te incomode que essa minha sensação se repete, não passa com o tempo e se fortalece diante do contato com coisas que me lembrem o passado.
Me ocorre que sou ontogeneticamente nostálgica, segundo a definição do Aurélio. Ou seja, minha história de vida me leva a ter saudades de uma pátria, pois meu passado lá está. E pensei que talvez você devesse me entender melhor, afinal seu povo é, em minha opinião, o povo mais nostálgico que tem. Todo ano se reúnem ao redor de uma mesa para falar da fuga do povo de uma pátria, da busca dessa pátria, da busca pela liberdade, apesar de hoje vocês terem essa pátria e essa liberdade.

Mas o que eu gostaria que você entendesse, e que só agora fui entender melhor eu mesma, é que quando falo do passado não é saudades que sinto, é nostalgia. Não é vontade de voltar ao passado, porque tenho certeza que se o retorno fosse possível não seria a mesma coisa. Aquelas águas chegaram ao oceano. O rio, que é nossa vida, continua fluindo, nem a água e nem o entorno é o mesmo e não será jamais. Vou continuar fluindo e passando por novas margens mas não me esqueço das paisagens anteriores, e não acredito que isso seja um dos meus pontos fracos (apesar de eu ter muitos). Para mim, nostalgia pode ser também criativa e nos levar a sermos pessoas melhores.

contribuição de lichia

never ending (?)

Why when and to whom do we bear ours souls? When we bear ours souls do we do it because we let our guards down or because we never put it up in the first place? Sometimes I feel I am too compassionate. Yes "too" because I am ever trying to comprehended other people, their sufferings, their reasons but seldom do I work this compassion on myself. But then it wouldn’t be compassion...would it? Self-passion?

contribuição de lichia

sábado, 1 de agosto de 2009

Flightlessness

Having never flown was one thing
But once the wings have been grown to be kept off the ground is a harsh thing indeed!
I feel like I'm tied to the ground but beating my wings
Desperately trying to take flight.
Not knowing when my time will come.
Knowing that I must do something to be free.
Just beating my wings is not good enough.

contribuição de lichia

The dangers of light pollution!

In the words of a rural(!) New Yorker, simply because Verlyn Klinkenborg said it best:
"In the end, humans are no less trapped by light pollution than the frogs in a pond near a brightly lit highway. Living in a glare of our own making, we have cut ourselves off from our evolutionary and cultural patrimony—the light of the stars and the rhythms of day and night. In a very real sense, light pollution causes us to lose sight of our true place in the universe, to forget the scale of our being, which is best measured against the dimensions of a deep night with the Milky Way—the edge of our galaxy—arching overhead."

contribuição de lichia