segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Poison Tree

I was angry with my friend:
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow

And I water'd it in fears
Night & morning with my tears;
And I sunned it with smiles
And with soft deceitful wiles.

And it grew both day and night,
Till it bore an apple bright,
And my foe beheld it shine
And he knew that it was mine,

And into my garden stole
when the night had veil'd the pole:
In the morning glad I see
My foe outstrech'd beneath the tree

William Blake

foto

Arcade Fire

o novo disco, the suburbs, sai daqui uns meses, mas já tem umas músicas na net.
uma delas é essa: month of may.
e, como disse Lucio Ribeiro, taí o Arcade Fire encontrando Stooges ou Arcade Fire após tomar 28 energéticos, 48 cafés e 12 ritalinas!!!



pra terminar o mês direito!! ;)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ele é despojado



troço tonto torto

A melhor das rotinas na pior das hipóteses

O MONTE DE COISAS



PORTO SEGURO QUEDA LIVRE



É da Leya Mira Brander!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A liberdade de ver os outros

é longo, mas vale a pena... leiam!

por David Foster Wallace

Um dos escritores mais admirados de sua geração, o americano David Foster Wallace se suicidou no mês passado, aos 46 anos, enforcando-se. Este texto foi tirado de seu discurso de paraninfo para formandos do Kenyon College, há três anos


Dois peixinhos estão nadando juntos e cruzam com um peixe mais velho, nadando em sentido contrário. Ele os cumprimenta e diz:

- Bom dia, meninos. Como está a água?

Os dois peixinhos nadam mais um pouco, até que um deles olha para o outro e pergunta:

- Água? Que diabo é isso?

Não se preocupem, não pretendo me apresentar a vocês como o peixe mais velho e sábio que explica o que é água ao peixe mais novo. Não sou um peixe velho e sábio. O ponto central da história dos peixes é que a realidade mais óbvia, ubíqua e vital costuma ser a mais difícil de ser reconhecida. Enunciada dessa -forma, a frase soa como uma platitude - mas
é fato que, nas trincheiras do dia-a-dia da existência adulta, lugares comuns banais podem adquirir uma importância de vida ou morte.

Boa parte das certezas que carrego comigo acabam se revelando totalmente equivocadas e ilusórias. Vou dar como exemplo uma de minhas convicções automáticas: tudo à minha volta respalda a crença profunda de que eu sou o centro absoluto do universo, de que sou a pessoa mais real, mais vital e essencial a viver hoje. Raramente mencionamos esse egocentrismo natural e básico, pois parece socialmente repulsivo, mas no fundo ele é familiar a todos nós. Ele faz parte de nossa configuração padrão, vem impresso em nossos circuitos ao nascermos.

Querem ver? Todas as experiências pelas quais vocês passaram tiveram, sempre, um ponto central absoluto: vocês mesmos. O mundo que se apresenta para ser experimentado está diante de vocês, ou atrás, à esquerda ou à direita, na sua tevê, no seu monitor, ou onde for. Os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados, enquanto o que vocês sentem e pensam é imediato, urgente, real. Não pensem que estou me preparando para fazer um sermão sobre compaixão, desprendimento ou outras "virtudes". Essa não é uma questão de virtude - trata-se de optar por tentar alterar minha configuração padrão original, impressa nos meus circuitos. Significa optar por me libertar desse egocentrismo profundo e literal que me faz ver e interpretar absolutamente tudo pelas lentes do meu ser.

Num ambiente de excelência acadêmica, cabe a pergunta: quanto do esforço em adequar a nossa configuração padrão exige de sabedoria ou de intelecto? A pergunta é capciosa. O risco maior de uma formação acadêmica - pelo menos no meu caso - é que ela reforça a tendência a intelectualizar demais as questões, a se perder em argumentos abstratos, em vez de simplesmente prestar atenção ao que está ocorrendo bem na minha frente.

Estou certo de que vocês já perceberam o quanto é difícil permanecer alerta e atento, em vez de hipnotizado pelo constante monólogo que travamos em nossas cabeças. Só vinte anos depois da minha formatura vim a entender que o surrado clichê de "ensinar os alunos como pensar" é, na verdade, uma simplificação de uma idéia bem mais profunda e séria. "Aprender a pensar" significa aprender como exercer algum controle sobre como e o que cada um pensa. Significa ter plena consciência do que escolher como alvo de atenção e pensamento. Se vocês não conseguirem fazer esse tipo de escolha na vida adulta, estarão totalmente à deriva.

Lembrem o velho clichê: "A mente é um excelente servo, mas um senhorio terrível." Como tantos clichês, também esse soa inconvincente e sem graça. Mas ele expressa uma grande e terrível verdade. Não é coincidência que adultos que se suicidam com armas de fogo quase sempre o façam com um tiro na cabeça. Só que, no fundo, a maioria desses suicidas já estava morta muito antes de apertar o gatilho. Acredito que a essência de uma educação na área de humanas, eliminadas todas as bobagens e patacoadas que vêm junto, deveria contemplar o seguinte ensinamento: como percorrer uma confortável, próspera e respeitável vida adulta sem já estar morto, inconsciente, escravizado pela nossa configuração padrão - a de sermos singularmente, completamente, imperialmente sós.

Isso também parece outra hipérbole, mais uma abstração oca. Sejamos concretos então. O fato cru é que vocês, graduandos, ainda não têm a mais vaga idéia do significado real do que seja viver um dia após o outro. Existem grandes nacos da vida adulta sobre os quais ninguém fala em discursos de formatura. Um desses nacos envolve tédio, rotina e frustração mesquinha.

Vou dar um exemplo prosaico imaginando um dia qualquer do futuro. Você acordou de manhã, foi para seu prestigiado emprego, suou a camisa por nove ou dez horas e, ao final do dia, está cansado, estressado, e tudo que deseja é chegar em casa, comer um bom prato de comida, talvez relaxar por umas horas, e depois ir para cama, porque terá de acordar cedo e fazer tudo de novo. Mas aí lembra que não tem comida na geladeira. Você não teve tempo de fazer compras naquela semana, e agora precisa entrar no carro e ir ao supermercado. Nesse final de dia, o trânsito está uma lástima.

Quando você finalmente chega lá, o supermercado está lotado, horrivelmente iluminado com lâmpadas fluorescentes e impregnado de uma música ambiente de matar. É o último lugar do mundo onde você gostaria de estar, mas não dá para entrar e sair rapidinho: é preciso percorrer todos aqueles corredores superiluminados para encontrar o que procura, e manobrar seu carrinho de compras de rodinhas emperradas entre todas aquelas outras pessoas cansadas e apressadas com seus próprios carrinhos de compras. E, claro, há também aqueles idosos que não saem da frente, e as pessoas desnorteadas, e os adolescentes hiperativos que bloqueiam o corredor, e você tem que ranger os dentes, tentar ser educado, e pedir licença para que o deixem passar. Por fim, com todos os suprimentos no carrinho, percebe que, como não há caixas suficientes funcionando, a fila é imensa, o que é absurdo e irritante, mas você não pode descarregar toda a fúria na pobre da caixa que está à beira de um ataque de nervos.

De qualquer modo, você acaba chegando à caixa, paga por sua comida e espera até que o cheque ou o cartão seja autenticado pela máquina, e depois ouve um "boa noite, volte sempre" numa voz que tem o som absoluto da morte. Na volta para casa, o trânsito está lento, pesado etc. e tal.

É num momento corriqueiro e desprezível como esse que emerge a questão fundamental da escolha. O engarrafamento, os corredores lotados e as longas filas no supermercado me dão tempo de pensar. Se eu não tomar uma decisão consciente sobre como pensar a situação, ficarei irritado cada vez que for comprar comida, porque minha configuração padrão me leva a pensar que situações assim dizem respeito a mim, a minha fome, minha fadiga, meu desejo de chegar logo em casa. Parecerá sempre que as outras pessoas não passam de estorvos. E quem são elas, aliás? Quão repulsiva é a maioria, quão bovinas, e inexpressivas e desumanas parecem ser as da fila da caixa, quão enervantes e rudes as que falam alto nos celulares.

Também posso passar o tempo no congestionamento zangado e indignado com todas essas vans, e utilitários e caminhões enormes e estúpidos, bloqueando as pistas, queimando seus imensos tanques de gasolina, egoístas e perdulários. Posso me aborrecer com os adesivos patrióticos ou religiosos, que sempre parecem estar nos automóveis mais potentes, dirigidos pelos motoristas mais feios, desatenciosos e agressivos, que costumam falar no celular enquanto fecham os outros, só para avançar uns 20 metros idiotas no engarrafamento. Ou posso me deter sobre como os filhos dos nossos filhos nos desprezarão por desperdiçarmos todo o combustível do futuro, e provavelmente estragarmos o clima, e quão mal-acostumados e estúpidos e repugnantes todos nós somos, e como tudo isso é simplesmente pavoroso etc. e tal.

Se opto conscientemente por seguir essa linha de pensamento, ótimo, muitos de nós somos assim - só que pensar dessa maneira tende a ser tão automático que sequer precisa ser uma opção. Ela deriva da minha configuração padrão.

Mas existem outras formas de pensar. Posso, por exemplo, me forçar a aceitar a possibilidade de que os outros na fila do supermercado estão tão entediados e frustrados quanto eu, e, no cômputo geral, algumas dessas pessoas provavelmente têm vidas bem mais difíceis, tediosas ou dolorosas do que eu.

Fazer isso é difícil, requer força de vontade e empenho mental. Se vocês forem como eu, alguns dias não conseguirão fazê-lo, ou simplesmente não estarão a fim. Mas, na maioria dos dias, se estiverem atentos o bastante para escolher, poderão preferir olhar melhor para essa mulher gorducha, inexpressiva e estressada que acabou de berrar com a filhinha na fila da caixa. Talvez ela não seja habitualmente assim. Talvez ela tenha passado as três últimas noites em claro, segurando a mão do marido que está morrendo. Ou talvez essa mulher seja a funcionária mal remunerada do Departamento de Trânsito que, ontem mesmo, por meio de um pequeno gesto de bondade burocrática, ajudou algum conhecido seu a resolver um problema insolúvel de documentação.

Claro que nada disso é provável, mas tampouco é impossível. Tudo depende do que vocês queiram levar em conta. Se estiverem automaticamente convictos de conhecerem toda a realidade, vocês, assim como eu, não levarão em conta possibilidades que não sejam inúteis e irritantes. Mas, se vocês aprenderam como pensar, saberão que têm outras opções. Está ao alcance de vocês vivenciarem uma situação "inferno do consumidor" não apenas como significativa, mas como iluminada pela mesma força que acendeu as estrelas.

Relevem o tom aparentemente místico. A única coisa verdadeira, com V maiúsculo, é que vocês precisam decidir conscientemente o que, na vida, tem significado e o que não tem.

Na trincheira do dia-a-dia, não há lugar para o ateísmo. Não existe algo como "não venerar". Todo mundo venera. A única opção que temos é decidir o que venerar. E o motivo para escolhermos algum tipo de Deus ou ente espiritual para venerar - seja Jesus Cristo, Alá ou Jeová, ou algum conjunto inviolável de princípios éticos - é que todo outro objeto de veneração te engolirá vivo. Quem venerar o dinheiro e extrair dos bens materiais o sentido de sua vida nunca achará que tem o suficiente. Aquele que venerar seu próprio corpo e beleza, e o fato de ser sexy, sempre se sentirá feio - e quando o tempo e a idade começarem a se manifestar, morrerá um milhão de mortes antes de ser efetivamente enterrado.

No fundo, sabemos de tudo isso, que está no coração de mitos, provérbios, clichês, epigramas e parábolas. Ao venerar o poder, você se sentirá fraco e amedrontado, e precisará de ainda mais poder sobre os outros para afastar o medo. Venerando o intelecto, sendo visto como inteligente, acabará se sentindo burro, um farsante na iminência de ser desmascarado. E assim por diante.

O insidioso dessas formas de veneração não está em serem pecaminosas - e sim em serem inconscientes. São o tipo de veneração em direção à qual você vai se acomodando quase que por gravidade, dia após dia. Você se torna mais seletivo em relação ao que quer ver, ao que valorizar, sem ter plena consciência de que está fazendo uma escolha.

O mundo jamais o desencorajará de operar na configuração padrão, porque o mundo dos homens, do dinheiro e do poder segue sua marcha alimentado pelo medo, pelo desprezo e pela veneração que cada um faz de si mesmo. A nossa cultura consegue canalizar essas forças de modo a produzir riqueza, conforto e liberdade pessoal. Ela nos dá a liberdade de sermos senhores de minúsculos reinados individuais, do tamanho de nossas caveiras, onde reinamos sozinhos.

Esse tipo de liberdade tem méritos. Mas existem outros tipos de liberdade. Sobre a liberdade mais preciosa, vocês pouco ouvirão no grande mundo adulto movido a sucesso e exibicionismo. A liberdade verdadeira envolve atenção, consciência, disciplina, esforço e capacidade de efetivamente se importar com os outros - no cotidiano, de forma trivial, talvez medíocre, e certamente pouco excitante. Essa é a liberdade real. A alternativa é a torturante sensação de ter tido e perdido alguma coisa infinita.

Pensem de tudo isso o que quiserem. Mas não descartem o que ouviram como um sermão cheio de certezas. Nada disso envolve moralidade, religião ou dogma. Nem questões grandiosas sobre a vida depois da morte. A verdade com V maiúsculo diz respeito à vida antes da morte. Diz respeito a chegar aos 30 anos, ou talvez aos 50, sem querer dar um tiro na própria cabeça. Diz respeito à consciência - consciência de que o real e o essencial estão escondidos na obviedade ao nosso redor - daquilo que devemos lembrar, repetindo sempre: "Isto é água, isto é água."

É extremamente difícil lembrar disso, e permanecer consciente e vivo, um dia depois do outro.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Belle and Sebastian - Get me away from here, I'm dying

can't help but feel sinister...!



Ooh! Get me away from here I'm dying
Play me a song to set me free
Nobody writes them like they used to
So it may as well be me
Here on my own now after hours

Here on my own now on a bus
Think of it this way
You could either be successful or be us
With our winning smiles, and us
With our catchy tunes, and us
Now we're photogenic
You know, we don't stand a chance
Oh, I'll settle down with some old story
About a boy who's just like me
Thought there was love in everything and everyone
You're so naive!
After a while they always get it
They always reach a sorry end
Still it was worth it as I turned the pages solemnly, and then
With a winning smile, the boy
With naivety succeeds
At the final moment, I cried
I always cry at endings

Oh, that wasn't what I meant to say at all
From where I'm sitting, rain
Washing against the lonely tenement
Has set my mind to wander
Into the windows of my lovers
They never know unless I write
"This is no declaration, I just thought I'd let you know goodbye"
Said the hero in the story
"It is mightier than swords
I could kill you sure
But I could only make you cry with these words"

and it is so after hours....

happy birthday Bob!!

e vai uma na voz do Jeff :)

uma nova, uma velha

Mumford & Sons - Winter Winds


Paul Simon - Cecilia

terça-feira, 18 de maio de 2010

The Shins - A Comet Appears

lindona.


Still to come,
The worst part and you know it,
There is a numbness,
In your heart and it's growing

The Walkmen

outra voz que eu gosto é a desse menino.

WE'VE BEEN HAD


THE RAT

Liniers - Macanudo

Liniers - El humor de Macanudo


E vem aí um documentário sobre o Lineirs, o criador do Macanudo!

LINIERS, EL TRAZO SIMPLE DE LAS COSAS



e eis o pôster:


amor não, é paixão!

são duas propagandas ou campanhas ou ações ou qualquer nome que você queira dar.
a primeira é uma pegadinha que a Heineken armou com os torcedores: assistir a um concerto de música clássica na mesma hora do clássico Real Madrid x Milan.



a segunda é uma propaganda argentina absurdamente boa.



arrepia, né?! Se fosse do Brasil eu chorava!
...
Mas a Argentina não pode ganhar o Mundial. Desculpa, mas é cultural!!

domingo, 16 de maio de 2010

Tragédia no Butantã

tragédia mesmo. não tem nem o que dizer... foram cem anos de pesquisa queimadas.

Por Hugo Fernandes Ferreira

Caro Luís Nassif,
Gostaria de publicar o texto abaixo sobre o Incêndio na Coleção Científica do Instituto Butantan, para tentar mostrar a sociedade as graves consequencias que essa tragédia trouxe para a comunidade científica e o retrato das outras coleções espalhadas pelo país.
Fortaleza, 15 de maio de 2010.
Escrevo revoltado, porque acho que assim descarrego.
Hoje talvez tenha sido o dia mais lastimável na história da Zoologia brasileira nas últimas décadas. Hoje, dia 15 de maio de 2010, a Coleção Científica do Instituto Butantan, em São Paulo, foi completamente perdida.
Até o momento, estima-se que mais de 75.000 espécimes tenham sido incinerados. Espécimes raros, por muitas vezes únicos; espécimes endêmicos; espécimes de animais já extintos ou ameaçados; espécies novas ainda não descritas; espécimes-tipo; material em permuta nacional e internacional, enfim.
Centenas de graduandos, mestrandos, doutorandos, professores e pesquisadores não mais poderão consultar certos holótipos (indivíduos geralmente em perfeitas condições que representam oficialmente uma espécie), não poderão examinar a anatomia de certos espécimes, não poderão fazer certas revisões sistemáticas e taxonômicas, analisar conteúdo estomacal, descobrir novas espécies, realizar estudos biogeográficos, entre outras dezenas de importâncias de uma coleção como essa, referência em todo o globo. Muitos desses cientistas perderam meses, anos e décadas de pesquisas, algumas custeadas por grandes agências de financiamento. Muitos deles terão de adequar ou até mesmo se desfazer dessas pesquisas.
Milhares de exemplares estavam aguardando o processo de tombo na coleção. Os pesquisadores que dependiam desses números para lançarem seus artigos ou iniciar suas análises perderam essa chance.
A cada minuto eu consigo pensar em uma nova e trágica forma de perda para a Ciência. Acredito que nem os diretores do Instituto vislumbram nesse momento o tamanho do prejuízo.
Perdemos parte da história científica do Brasil.
Junto com a história, o país perde parte de sua dignidade.
Estou nesse momento envergonhado de representar um país que deixou uma de suas coleções mais aclamadas e referenciadas, fruto de um trabalho de mais de cem anos, iniciado pelo Dr. Vital Brazil, ter se evaporado em algumas horas.
Sim, deixou! O descaso das autoridades públicas, mesmo diante do apelo de diretores, curadores e coordenadores, para com a estrutura de nossas instalações acadêmicas é a motriz de toda essa tragédia.
O que me deixa extremamente preocupado é que, em 2008, quando estagiei no Museu Biológico do Instituto Butantan e visitei sua Coleção, vi uma estrutura bem melhor do que a maioria das coleções que já visitei. No começo do ano passado, pouca gente soube, mas o Núcleo Regional de Ofiologia da Universidade Federal do Ceará, do qual ainda sou colaborador, também sofreu um incêndio, que por pouco não atingiu sua Coleção Herpetológica, uma das mais representativas do Nordeste. Essa coleção enfrenta problemas sérios de estrutura, como umidade e instalações elétricas inadequadas.
Em situação pior está a Coleção de Herpetologia da Universidade Federal da Paraíba, onde mais de 10.000 animais tombados ou em processo de tombo sequer estão todos acondicionados em armários, pois não há espaço na minúscula sala, que ainda abriga o “laboratório” (que nada mais é do que três mesas e lupas em locais apertados e uma pia para processamento de material). A Coleção de Mastozoologia dessa mesma Universidade, que guarda a amostra de mamíferos mais representativa do Nordeste, também sofre com falta de espaço, carência de modernização e problemas de estrutura da sala.
Quanto a essas coleções acima citadas, tenho condição pessoal de atestar que seus diretores e curadores há muitos anos requerem melhorias, mas sem sucesso de retorno decente. Vale ressaltar que os grupos de pesquisa que deles fazem parte, há muito colaboram de forma contundente para a Herpetologia brasileira.
E pelo meu conhecimento, nenhuma coleção zoológica no país encontra-se sob uma estrutura ideal e muitas também enfrentam graves problemas, como as das Universidades Federais de Alagoas (UFAL), Rio Grande do Norte (UFRN), Pernambuco (UFPE), Museu Paraense Emílio Goeldi, entre outras.
Será necessário passarmos novamente pela vergonha de perdermos uma dessas coleções? E se o próximo for o Museu de Zoologia da USP (MZSUP) ou o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), os dois maiores do país?
Será que a Academia passa realmente os seus alunos os reais valores de uma Coleção? Será que se realmente passasse, não colocaríamos na sociedade formadores de opinião capazes de realizar uma pressão consistente sobre as autoridades para promover maior cuidado a esse patrimônio?
Tomara que o que aconteceu hoje sirva como pressão midiática para cobrar energicamente de nossos reitores, governadores, ministros e presidente alguma movimentação. Tomara que pelo menos a maioria dos meus colegas biólogos e que parte da sociedade entenda que o que aconteceu hoje é uma tragédia muito maior do que uma notícia de 15 segundos no jornal.
Perdemos um dos mais importantes acervos herpetológicos do mundo. Isso é irrecuperável, inafiançável. Espero que, enquanto cientistas, não percamos pelo menos o resto da decência que nos foi abalada.
Hugo Fernandes Ferreira
biólogo – CRBio 67.339/05-D
Programa de Pós Graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) da Universidade Federal da Paraíba


mais Eyjafjallajökull

Iceland, Eyjafjallajökull - May 1st and 2nd, 2010 from Sean Stiegemeier on Vimeo.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

LCD Soundsystem - HOME

essa letra é foda.



Home (x6)
Take me home

Just do it right
Make it perfect and real
Because it’s everything
No everything was never the deal

So grab your things and stumble into the night
So we can shut the door
Oh, shut the door on terrible times

Yeah, do it right
And head again into space
So you can carry on
And carry on, and fall all over the place

This is the trick, forget a terrible year
That we can break the laws
Until it gets weird

And this is what you waited for
But under lights, we’re all unsure
So tell me
What would make you feel better?

As night has such a local ring
And love and rock are pick-up things
And you know it
Yeah, you know it
Yeah, you know

Take

Forget your past
This is your last chance now
And we can break the rules
Like nothing will last

You might forget
Forget the sound of a voice
Still you should not forget, Yeah, don’t forget
The things that we laughed about

And after rolling on the floor
And thankfully, a few make sure that you get home
And you stay home
And you better

‘Cause you’re afraid of what you need
Yeah, you’re afraid of what you need
If you weren’t, if you weren’t
Then I don’t know what we’d talk about

Yeah no one ever knows what you’re talking about
So i guess you’re already there
No one opens up when you scream and shout
But it’s time to make a couple things clear

If you’re afraid of what you need
If you’re afraid of what you need
Look around you, you’re surrounded
It won’t get any better
Until the night

Midlake - In the Ground

belezura

John Grant

já ouviu isso? já?



quinta-feira, 13 de maio de 2010

Algumas coisas terminam, outras simplesmente param.

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A cidade e a negação do outro

artigo por Lucas Melgaço

Historicamente as cidades nunca foram locais igualmente acolhedores a todos. Elas nascem justamente do encontro e identificação entre um grupo de “iguais” interessados em se enriquecer e se defender da presença indesejada do “outro”. Os outros na cidade grega clássica eram, por exemplo, os estrangeiros e os prisioneiros de guerra. Na cidade medieval europeia, doentes como os leprosos eram os detentores dessa alcunha de “indesejáveis”. Atualmente, os imigrantes latinos nos Estados Unidos, os árabes e os negros africanos na Europa Ocidental e os nordestinos, homossexuais, negros, prostitutas, usuários de drogas, portadores de necessidades especiais, mendigos e desempregados no Brasil, são aqueles mais comumente considerados como os outros. A principal mudança em relação ao passado é que, mais do que questões de raça, credo, saúde ou nacionalidade, no atual período de globalização neoliberal tem sido a pobreza o principal atributo de diferenciação.

Muitas vezes a negação do outro não se dá apenas no âmbito das falas e das ações, mas se materializa em formas urbanas voltadas a separar e afastar os indesejáveis. Um exemplo muito presente na arquitetura das casas e apartamentos brasileiros são as dependências de empregada e as entradas e elevadores de serviço. Tais formas têm a função de demarcar os espaços de circulação e presença dos empregados e de lhes assinalar sua condição de outro.

Mais do que o interior das casas, porém, grandes complexos urbanísticos têm sido construídos como resposta a esse desejo de segregação. Os condomínios fechados, por exemplo, sejam horizontais ou verticais, têm no argumento da exclusividade o seu principal apelo publicitário. O ideal de felicidade vendido pelos agentes imobiliários passa pelo conceito de que é bom aquilo que pode ser usufruído de modo individual ou no máximo por um grupo de “semelhantes”. Muitas campanhas reforçam, por exemplo, o privilégio de se ter áreas verdes e praças de lazer exclusivas e sem a incômoda presença de “estranhos”. Ao invés de ter que lidar com o outro em uma praça pública de esportes, prefere-se o privilégio de se ter um campo de futebol particular, mesmo que ele passe a maior parte do tempo subutilizado por falta de jogadores.

Talvez seja, porém, um pouco demasiado dizer que os condomínios sejam totalmente intolerantes aos outros. Algumas dessas pessoas podem se tornar “desejáveis” quando úteis para o cumprimento de serviços pouco nobres, como a limpeza ou a vigilância. Sem faxineiros, empregadas domésticas e porteiros, funções geralmente delegadas a nordestinos, negros e pobres, seria inviável a existência dos condomínios fechados nos moldes em que foram pensados. Contudo, basta um furto dentro de um condomínio para que, de desejáveis, essas pessoas retornem à condição de indesejáveis. Na ocorrência de um crime, os primeiros suspeitos são sempre os outros, e nunca, por exemplo, um jovem morador do condomínio que faz pequenos furtos internos para manter seu vício em drogas.

A mesma lógica de criminalização do outro está presente também nas recentes estratégias de monitoramento das cidades através de câmeras de vigilância. Os suspeitos ali apontados são na maior parte das vezes aqueles que se enquadram no estereótipo do “marginal”, ou seja, cujos traços físicos, modo de vestir e de se comportar não estão dentro dos modelos considerados “normais”. As câmeras também são usadas como instrumentos de repulsa dos indesejáveis, como ocorre em São Paulo , onde elas foram instaladas no entorno do Jóquei Clube com o objetivo de inibir a presença de prostitutas.

O uso de instrumentos de vigilância também tem sido cada vez mais freqüente em escolas brasileiras, especialmente nas privadas, muitas vezes com o curioso argumento de que são estratégias contra o chamado bullying : um tipo de violência em que um grupo de estudantes promove humilhações e violência psicológica a colegas que não se enquadram nos padrões de estética e comportamento considerados normais. O bullyingé uma violência de não aceitação da diferença, ou seja, de intolerância ao outro. As câmeras, porém, por serem instrumentos que primam pela homogeneização de comportamentos, surtirão efeito contrário ao esperado, pois reforçarão a intransigência a tudo que for excêntrico.

Ainda a propósito das escolas privadas, deve-se destacar que muitas delas têm servido como verdadeiros centros de formação para a não-aceitação da diferença. Desde cedo, as crianças que as frequentam são expostas a ambientes ultra-controlados e ultra-exclusivos. Na cidade de Campinas (São Paulo), por exemplo, o excesso de proteção fica claro no caso de uma escola que escolheu o interior de um shopping-center como local para a construção de uma de suas filiais. Não satisfeita, porém, apenas com a segurança fornecida pelo estabelecimento comercial, a direção da escola resolveu instalar câmeras de vigilância nos corredores do colégio e, até mesmo, no interior das salas de aula. O excesso de seletividade é evidente também graças aos altos valores das mensalidades praticados, o que faz com que apenas crianças de famílias com certas condições financeiras possam frequentar esses locais. Assim, ao invés de educarem as crianças a conviverem na diferença, essas instituições privadas inculcam, desde cedo, naquelas pequenas mentes, ideias de seletividade e de segregação. Além disso, enquanto a porcentagem de negros dentre os alunos de escolas particulares está evidentemente muito abaixo da média nacional, a porcentagem de negros em serviços de vigilância e limpeza desses estabelecimentos é certamente bem mais elevada.

A intolerância ao outro se faz ainda mais evidente em formas urbanas que são explicitamente construídas para impedir a presença dos indesejáveis. Em diversos lugares da cidade de Campinas podem ser vistos objetos pontiagudos cuja função é a de evitar que pessoas “estranhas” se sentem e ali permaneçam. Tais arquiteturas são muito comuns em frente a estabelecimentos comerciais (figura 1), mas podem também ser encontradas em lugares mais inusitados, como nas escadarias da Catedral de Campinas (figura 2).


Arquitetura anti-indesejáveis no comércio do centro de Campinas, 2009. Foto do autor.


Espetos colocados nas escadas da Catedral Metropolitana de Campinas, 2007.
Autor: Tiago Macambira

Até mesmo a prefeitura da cidade, que deveria ser a principal representante do interesse público, tem o seu exemplar de arquitetura anti-indesejáveis. Na reforma de um viaduto em um bairro nobre, pedras pontiagudas foram instaladas com o intuito de afugentar moradores de rua e pedintes (figura 3). Essas são, obviamente, políticas que combatem o pobre, como ser indesejável na paisagem, e não exatamente a pobreza.


Arquitetura anti-indesejáveis sob viaduto de Campinas 2007. Autor: Tiago Macambira

Esse tipo de arquitetura voltada à expulsão dos indesejáveis não é, contudo, exclusividade de Campinas, mesmo que nessa cidade a sua concentração seja incrivelmente alta. As duas fotos a seguir, a primeira de uma calçada de Londres e a segunda da entrada da Faculdade de Direito da Sorbonne em Paris, mostram que essas formas arquitetônicas têm sido presentes em paisagens as mais diversas.


Calçada de Londres com arquitetura anti-indesejáveis, 2009. Foto do autor.


Arquitetura anti-indesejáveis na entrada da Faculdade de Direito da Sorbonne,
Paris, 2010. Foto do autor.

É lamentável constatar como alguns arquitetos direcionam sua imensa capacidade criativa em projetos como esses. Há, todavia, casos ainda mais engenhosos como o que ocorre na região da “Cracolândia” em São Paulo onde, para afastar usuários de craque, um equipamento gerador de “chuva artificial” foi instalado sob a marquise de um prédio. Outro exemplo inusitado pode ser encontrado em algumas cidades inglesas que instalaram aparelhos emissores de ruídos ultra-agudos imperceptíveis para os maiores de 25 anos de idade, mas extremamente incômodo para os jovens. Contudo, o mais curioso deles é certamente o da também inglesa Mansfield: luzes róseas, como aquelas utilizadas por dermatologistas, foram colocadas em algumas ruas da cidade com o objetivo de realçar as espinhas dos adolescentes arruaceiros e com isso desestimular a presença dos mesmos naqueles locais.

Há, assim, uma deliberada adaptação das cidades para que elas se tornem receptivas para alguns e repulsivas para os indesejáveis. Mais do que uma questão estética, porém, essas arquiteturas carregam uma profunda carga simbólica. Quando uma prefeitura chega ao ponto de construir formas urbanas para expulsar os pobres, ela revela que suas preocupações não são coletivas, mas direcionadas a servir aos interesses de uma pequena classe hegemônica.

Por fim, é importante que não nos esqueçamos da forma espacial que mais claramente revela o objetivo de negar e segregar os indesejáveis: a prisão. Independente do local onde tenham sido construídas, as prisões são sempre majoritariamente povoadas pelos outros, o que no caso brasileiro são, sobretudo, os pobres. Além disso, há muito, a preocupação da Justiça brasileira não é a de recuperar seus presidiários e trazer esses outros para perto dos iguais, mas sim mantê-los o maior tempo possível isolados e na eterna condição de outro. Assim como os espetos anti-indesejáveis, as prisões não resolvem os problemas estruturais e profundos da sociedade, mas se contentam em promover uma “limpeza da paisagem”, tirando da vista dos iguais a incômoda presença dos “diferentes”.

Pode se, então, concluir que a cidade de hoje, mais do que aquela do passado, nega ao outro a condição de cidadão, negação esta que tem na pobreza o seu principal argumento. E, como pôde ser visto, essa intransigência não se restringe aos atos, pois se concretiza em formas urbanas repulsivas e segregadoras. Com a existência dessas formas, as cidades passam a criar as condições para que a intolerância seja não só mantida como também reproduzida. Confirmando-se essa tendência, chegará certamente o momento em que as cidades de poucos “iguais” se tornarão insuportáveis para uma grande maioria de “outros”.

Lucas de Melo Melgaço é geógrafo e doutorando em geografia, em co-tutela de tese entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Paris 1 – Panthéon Sorbonne

publicado em http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=56&id=709

domingo, 9 de maio de 2010

Albert Kahn - Color Photographs From A Lost Age

Albert Kahn. O cara era francês e tinha dinheiro. Investiu num projeto megalomaníaco que envolvia o mundo e a fotografia no começo do século XX. Os fotógrafos visitaram mais de 50 países ao redor do mundo e tiraram, pela primeira vez, fotos coloridas dos lugares por onde passaram. A coleção, de mais de 70 mil fotografias, se encontra no museu Albert Kahn, em Paris. E esse projeto todo virou o assunto de um documentário da BBC.








the man who sold the world

mais um!

Bowie - Heroes

We could steal time, just for one day
we could be heroes...



essencial!!

sábado, 8 de maio de 2010

a rebordosa de hoje



aquela rebordosa. rebordosa do último ano, acho.

Rê Bordosa

Rê Bordosa, foi a primeira e mais famosa personagem do Angeli, pelo menos na década de 80. Ela nasceu em 1984, tinha cerca de 30 anos e todos os problemas existenciais da mulher urbana da época, só que um pouco mais insana. Ele a matou em 1987. Vejam o dossiê!!

Dossie Re Bordosa from Dossiê Rê Bordosa on Vimeo.

I can change

Já que eu tô viciada no This Is Happening do LCD, aqui vai mais uma...

And love is a curse
Shoved in a hearse
Love is an open book to a verse
Of your bad poetry
And this is coming from me



Tell me a line
Make it easy for me
Open your arms
Dance with me until I feel all right

It's good in the dark
Good in the dark
But into the lover's light
Here comes another fight

So ring the alarm
Ring the alarm
Bar me and hold me and cling to my arm

Here it comes
Here it comes

And what you're asking me now
Disastrous now
Hoping and hoping and hoping the feeling goes away

Never change, never change, never change, never change
Never change, never change, never change
This is why I fell in love

Never change, never change, never change, never change
Never change, never change, never change
That's just who I fell in love with
This is the time
The very best time
So give me a line
And take me home
Take me over

But dashing the hopes
Dashing the hopes
And smashing the pride
The morning's got you on the ropes

And love is a murderer
Love is a murderer
But if she calls you tonight
Everything is all right
Yeah, we know

And love is a curse
Shoved in a hearse
Love is an open book to a verse
Of your bad poetry
And this is coming from me

But I can change, I can change, I can change, I can change
I can change, I can change,
If it helps you fall in love
I can change, I can change, I can change, I can change
I can change, I can change, I can change
If it helps you fall in love

Turn on the light
Make it easy for me
Fill the divide
Fumble in the kitchen 'til it's right
What an awful sight

But there's love in your eyes
Love in your eyes
Love in your eyes
But maybe that's just your love of fights
All night

I can change, I can change, I can change, I can change
I can change, I can change, I can change
If it helps you fall in love

sexta-feira, 7 de maio de 2010

quinta-feira, 6 de maio de 2010

From the Basement

Aliás... esse basement aí é o porão mais legal de todos os tempos.
sessões gravadas de músicos fantásticos!!


music lovers: add to favorites!


Radiohead

e deu vontade de ouvir In Rainbows... já fazia um tempo que não ouvia. ahhhh, como é bom! Lembrei que o show deles em SP já faz mais de um ano. poderia ter outro semana que vem, não?! adoraria!!



radiohead and the headmaster ritual

engraçado ver o radiohead tocando smiths...!!
e o thom ainda diz: this is from when we were young and didn't write! :)

so let me sing you a waltz



Cena do filme Before Sunset.
...e depois alguém vira abóbora!

scissor sisters

quarta-feira, 5 de maio de 2010

read between the lines

!!!

"pensava aí desenhava"

é um caderninho com pensamentos desenhados. simples, direto e bacana!
todos estão no flickr da dona, a Luiza.






terça-feira, 4 de maio de 2010

La Dolce Vita

Eu tenho amigos de infância, estudamos juntos. A maioria desde os nove anos de idade, mas alguns se conhecessem da época que se ia pra escola pra brincar com massinha, pintar, comer e dormir. Era um desses colégios pequenos onde a turma tinha algo em torno de 45 pessoas. Eu diria que destas 45 pessoas, umas 30 faziam parte da “galera fixa”. Galera fixa porque este colégio também era um destes colégios internacionais, onde havia alunos de diferentes partes do globo, que vinham e iam por culpa dos pais, e ficavam, em média, dois anos (tempo do contrato do executivo xis no além mar). Mesmo assim, nós da galera fixa, éramos bastante diversos. Eu diria que a galera fixa era dividida em três grandes grupos que foram assim divididos com base em sua cultura, língua e os demais fatores que fazem crianças e adolescentes escolher andar mais com fulano do que com ciclano. Não que não houvesse mistura, claro que havia, e nós nos considerávamos uma grande família. Afinal, foram anos convivendo com as mesmas pessoas, pelo menos nós, da galera fixa. Mas existia uma divisão da porta pra fora e, às vezes, da porta pra dentro também. Enfim, os três grupos da galera fixa eram os brasileiros, os demais latinoamericanos que hablavam español e os orientais (especialmente os coreanos). Da galera, digamos, efêmera, você pode sortear o país, eu conheci: sentava na carteira atrás de mim na 5ª série, tinha o armário em cima do meu durante a 8ª série e assim por diante. Isso significa que além de convivermos com pessoas e culturas tão diferentes da nossa desde muito cedo (o que foi muito legal, mesmo), nós também aprendemos, desde muito cedo, que as pessoas vêm e vão. Algumas demoram ou passam despercebidas, outras vão embora mais rápido do que você gostaria. Foi assim com a Francesca, com a Pia, com o Sidney, com o Pedro, com o Humberto, com o Dirk etc.

Hoje em dia, nós da galera fixa, também estamos divididos pelo mundo. Alguns nos Estados Unidos, outros na Europa, um está no Japão, uma está na China, uma no México e nós, da galera mais que fixa, continuamos aqui. Claro que cada um seguiu seu rumo - a vida como ela é. A maioria, inclusive, já não se identificaria comigo, nem eu com eles, mas sempre exisitirá aquele carinho enorme de pessoas que cresceram com você e conhecem seu mau humor! E como eu estou ficando velha, eu sei que eu vejo eles no fim do ano (natal- o povo costuma voltar pra casa, né?!) e em casamentos (eles também costumam voltar pra casar, ué). E vocês, que também tem esses amigos, sabem que quando nos encontramos, parece que nada mudou, tudo igual.

Então tá....Uma dessas amigas já pipocou por esse mundinho bastante, até. Eu não moro mais no mesmo país que ela há mais de dez anos, onze pra ser exata. E, por isso, eu não fico sabendo de todos os detalhes que ela sempre adorou contar sobre todos os casos, namoricos, namoros e coisas e tal que são tão típicos nas conversas femininas. Mas eu ainda a vejo nos finais de ano, viagens de ano novo, casamentos e outros eventos parecidos. O suficiente para ainda entender da onde sai aquilo que sai, para ainda entender os dias bons e os dias ruins, para entender aquelas coisas de amigo. Então eu acho que sei dizer que ela é daquelas pessoas que sempre namoraram. Dois namoros longos antes dos 24 anos (?), outros mais curtos depois e até um noivado rompido. Aí, uns dois ou três anos atrás ela conheceu alguém e acabou se mudando para Espanha por conta desse(s) amor(es): pelo cara e pela Espanha. O namoro acabou e o amor pela Espanha cresceu, e cresceu muito. Agora ela está se divertindo horrores, solteira, na melhor época da sua vida, no país que ela mais gosta, vivendo aquilo que todo mundo, em alguma época da vida, tem que viver.

Aí...eu, e as outras meninas que faziam parte dessa galera fixa, recebemos um email cujo título era “UPDATE”. No corpo do email uma lista, numerada, item por item. Cada item continha um nome masculino e uma breve explicação de como se conheceram e o que estava rolando. Deixou todo mundo meio confuso porque aquilo não era um update, eram novidades, mas foi muito bom de ler! Vou reproduzir só o mais legal de todos porque foi o mais legal de todos e veio, na verdade, depois de alguns “replys”. (todos os nomes, a partir de agora, serão inventados ou omitidos senão alguém cruza o Atlântico pra me bater!!)

Bem, ontem depois de sair com umas amigas etc., no caminho de casa, resolvi entrar no bar em frente de casa que eu nunca tinha ido para comer algo rápido e tomar uma cervejinha. Entrei, sentei e tava lá com raivinha do "Menino Item No 3" (ele não atendeu meu tel ontem e depois fiquei bêbada e com raivinha dele hahaha básico) pensando na vida quando de repente...
A mulher do restaurante vira e fala "Este cava es para tí." Ela veio com a bebida (para quem nao sabe..cava=champagne daqui) e eu fiz cara de quem não entendeu nada. Perguntei "como assim? eu não pedi nada". "Te invitaron aquellos senores de aquella mesa". Olhei para a mesa, sorri, falei obrigada de longe e OBVIAMENTE bebi a minha cava feliz e contente. Detalhe: o lugar nao é mto grande..mega vergonhaaaaa eu lá sozinha bebendo champgne alheio... haahahahahah. Dai fui agradecer etc pq ja ia embora DORMIRRR coisa q tinha q ter feito. Massssssssssss conversa vai, conversa vem... sentei com eles e depois fui para um bar e depois fui pra outro bar com os 3 mocinhos....
e fiquei lá dando risada e falando merda até as 5 da manha.

Eu li isso e abri um sorriso. FANTÁSTICO!

Só que essa moçoila anda preocupada, dizendo que só se mete em confusão, que quer jogar o celular pela janela e outras variações de culpa e/ou coisa de quem namorou a vida toda...

Respondi, claro, mas faltou numerar itens!!

1 - O segredo é plantar sementes alelopáticas: uma não cresce perto da outra e, assim, evitamos interações maiores.

2- O malabarismo só funciona com bolas, no máximo, do tamanho de bolas de tênis. Quando começam a ficar mais pesadas, fica muito mais difícil jogar uma pro ar e depois tentar pegar. O ideal são bolas de sabão, de gude, de ping-pong!!

3 – O importante, importante mesmo, dessa bagunça toda está contida em algumas partes desta música:



Oh, Oh, Oh
I believe in waking up together
So, Oh, Oh
that means meeting eyes across the room

Oh, Oh, Oh
I believe in waking up together
Oh, Oh, Oh
I believe in wakin up, but no promises
Oh, Oh, Oh
I believe in waiting out the weather


pra você, mujer: enjoy because...drunk girls know that love is an astronaut!!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

poema sem querer

no sábado de manhã tava apaixonada
à tarde tava deprimida
aí fiquei fofa no jantar
dormi meio rápido
acordei alegrinha
fui almoçar com saudades
voltei satisfeita
cheguei em casa compartilhando
fui dormir confusa
pois é. nao pudemos
Camila: sim
será que queremos?

de Gloria W.

coisas mínimas

... são algumas coisas produzidas pela Blanca Gómez. curti!