terça-feira, 4 de maio de 2010

La Dolce Vita

Eu tenho amigos de infância, estudamos juntos. A maioria desde os nove anos de idade, mas alguns se conhecessem da época que se ia pra escola pra brincar com massinha, pintar, comer e dormir. Era um desses colégios pequenos onde a turma tinha algo em torno de 45 pessoas. Eu diria que destas 45 pessoas, umas 30 faziam parte da “galera fixa”. Galera fixa porque este colégio também era um destes colégios internacionais, onde havia alunos de diferentes partes do globo, que vinham e iam por culpa dos pais, e ficavam, em média, dois anos (tempo do contrato do executivo xis no além mar). Mesmo assim, nós da galera fixa, éramos bastante diversos. Eu diria que a galera fixa era dividida em três grandes grupos que foram assim divididos com base em sua cultura, língua e os demais fatores que fazem crianças e adolescentes escolher andar mais com fulano do que com ciclano. Não que não houvesse mistura, claro que havia, e nós nos considerávamos uma grande família. Afinal, foram anos convivendo com as mesmas pessoas, pelo menos nós, da galera fixa. Mas existia uma divisão da porta pra fora e, às vezes, da porta pra dentro também. Enfim, os três grupos da galera fixa eram os brasileiros, os demais latinoamericanos que hablavam español e os orientais (especialmente os coreanos). Da galera, digamos, efêmera, você pode sortear o país, eu conheci: sentava na carteira atrás de mim na 5ª série, tinha o armário em cima do meu durante a 8ª série e assim por diante. Isso significa que além de convivermos com pessoas e culturas tão diferentes da nossa desde muito cedo (o que foi muito legal, mesmo), nós também aprendemos, desde muito cedo, que as pessoas vêm e vão. Algumas demoram ou passam despercebidas, outras vão embora mais rápido do que você gostaria. Foi assim com a Francesca, com a Pia, com o Sidney, com o Pedro, com o Humberto, com o Dirk etc.

Hoje em dia, nós da galera fixa, também estamos divididos pelo mundo. Alguns nos Estados Unidos, outros na Europa, um está no Japão, uma está na China, uma no México e nós, da galera mais que fixa, continuamos aqui. Claro que cada um seguiu seu rumo - a vida como ela é. A maioria, inclusive, já não se identificaria comigo, nem eu com eles, mas sempre exisitirá aquele carinho enorme de pessoas que cresceram com você e conhecem seu mau humor! E como eu estou ficando velha, eu sei que eu vejo eles no fim do ano (natal- o povo costuma voltar pra casa, né?!) e em casamentos (eles também costumam voltar pra casar, ué). E vocês, que também tem esses amigos, sabem que quando nos encontramos, parece que nada mudou, tudo igual.

Então tá....Uma dessas amigas já pipocou por esse mundinho bastante, até. Eu não moro mais no mesmo país que ela há mais de dez anos, onze pra ser exata. E, por isso, eu não fico sabendo de todos os detalhes que ela sempre adorou contar sobre todos os casos, namoricos, namoros e coisas e tal que são tão típicos nas conversas femininas. Mas eu ainda a vejo nos finais de ano, viagens de ano novo, casamentos e outros eventos parecidos. O suficiente para ainda entender da onde sai aquilo que sai, para ainda entender os dias bons e os dias ruins, para entender aquelas coisas de amigo. Então eu acho que sei dizer que ela é daquelas pessoas que sempre namoraram. Dois namoros longos antes dos 24 anos (?), outros mais curtos depois e até um noivado rompido. Aí, uns dois ou três anos atrás ela conheceu alguém e acabou se mudando para Espanha por conta desse(s) amor(es): pelo cara e pela Espanha. O namoro acabou e o amor pela Espanha cresceu, e cresceu muito. Agora ela está se divertindo horrores, solteira, na melhor época da sua vida, no país que ela mais gosta, vivendo aquilo que todo mundo, em alguma época da vida, tem que viver.

Aí...eu, e as outras meninas que faziam parte dessa galera fixa, recebemos um email cujo título era “UPDATE”. No corpo do email uma lista, numerada, item por item. Cada item continha um nome masculino e uma breve explicação de como se conheceram e o que estava rolando. Deixou todo mundo meio confuso porque aquilo não era um update, eram novidades, mas foi muito bom de ler! Vou reproduzir só o mais legal de todos porque foi o mais legal de todos e veio, na verdade, depois de alguns “replys”. (todos os nomes, a partir de agora, serão inventados ou omitidos senão alguém cruza o Atlântico pra me bater!!)

Bem, ontem depois de sair com umas amigas etc., no caminho de casa, resolvi entrar no bar em frente de casa que eu nunca tinha ido para comer algo rápido e tomar uma cervejinha. Entrei, sentei e tava lá com raivinha do "Menino Item No 3" (ele não atendeu meu tel ontem e depois fiquei bêbada e com raivinha dele hahaha básico) pensando na vida quando de repente...
A mulher do restaurante vira e fala "Este cava es para tí." Ela veio com a bebida (para quem nao sabe..cava=champagne daqui) e eu fiz cara de quem não entendeu nada. Perguntei "como assim? eu não pedi nada". "Te invitaron aquellos senores de aquella mesa". Olhei para a mesa, sorri, falei obrigada de longe e OBVIAMENTE bebi a minha cava feliz e contente. Detalhe: o lugar nao é mto grande..mega vergonhaaaaa eu lá sozinha bebendo champgne alheio... haahahahahah. Dai fui agradecer etc pq ja ia embora DORMIRRR coisa q tinha q ter feito. Massssssssssss conversa vai, conversa vem... sentei com eles e depois fui para um bar e depois fui pra outro bar com os 3 mocinhos....
e fiquei lá dando risada e falando merda até as 5 da manha.

Eu li isso e abri um sorriso. FANTÁSTICO!

Só que essa moçoila anda preocupada, dizendo que só se mete em confusão, que quer jogar o celular pela janela e outras variações de culpa e/ou coisa de quem namorou a vida toda...

Respondi, claro, mas faltou numerar itens!!

1 - O segredo é plantar sementes alelopáticas: uma não cresce perto da outra e, assim, evitamos interações maiores.

2- O malabarismo só funciona com bolas, no máximo, do tamanho de bolas de tênis. Quando começam a ficar mais pesadas, fica muito mais difícil jogar uma pro ar e depois tentar pegar. O ideal são bolas de sabão, de gude, de ping-pong!!

3 – O importante, importante mesmo, dessa bagunça toda está contida em algumas partes desta música:



Oh, Oh, Oh
I believe in waking up together
So, Oh, Oh
that means meeting eyes across the room

Oh, Oh, Oh
I believe in waking up together
Oh, Oh, Oh
I believe in wakin up, but no promises
Oh, Oh, Oh
I believe in waiting out the weather


pra você, mujer: enjoy because...drunk girls know that love is an astronaut!!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sensacional!!!!
    Lendo esse texto passou minha vida diante meus olhos em segundos, em especial os ultimos anos ou melhor o último ano.
    Eu com esta "mujer" descobri coisas incríveis da vida, muito boas!
    Nos divertimos muito, rimos muito, bebemos muito, choramos muito e nos conhecemos até a nós mesmas muito. E ainda mais, com ela aprendi a curtir, admirar, aproveitar, apreciar coisas tao simples que muitas vezes passam despercebidas as quais nos engrandecem muito!
    * Drunk Girls just wanna have fun*....
    E nós sabemos muito bem como faze-lo. E é tudo TAO bom, simplesmente pelo fato de querermos sempre o bem.

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