quinta-feira, 14 de julho de 2011

E se



Se eu fosse escrever um livro hoje, meu personagem seria parecido, digo teria o mesmo tipo de raciocínio, que o personagem do Sabato no túnel.
O túnel foi o primeiro livro que ele escreveu depois de ter largado a ciência, com toda sua razão, lógica e método, por uma vida com um pouco menos disso tudo. Mais espontânea, talvez, onde dar ouvidos à intuição e ao instante-já fosse mais natural e freqüente, sem a necessidade de cálculos e especulações prévios sobre todas as possibilidades (e a combinação delas!)...

Questionando tudo, sempre. É algo assim: joão não ligou. Por quê? Ah, ele ainda não chegou; ou ele está cansado, de bode; ou ele esqueceu. tudo bem (e você volta a escrever, ler, ver TV ou qualquer outra coisa).
... ou ele esqueceu.
tá bom, eu vou ligar. ele não atendeu. Por quê? vai ver não ouviu; vai ver não quis. (e você retoma a sua atividade). o telefone não toca. ... porque ele não atendeu? não ligou de volta? porque não quis atender?
... e, de repente, você chega à conclusões mágicas que envolvem sentimentos contraditórios e negativos. No livro, o personagem do Sabato se joga nessa espiral e acaba cometendo assassinato (não, não contei o final, sempre soubemos disso. tá lá, no primeiro parágrafo).

A gente sofre por pensar demais. eu sofro. é cruel e não é justo. Pior, você analisa todas as possibilidades dentro de todas as circunstâncias sem nunca saber, sem ter certeza (quem tem?). E é assim com tudo na vida. e se eu não tivesse ficado doente, e se eu tivesse ido viajar naquela semana, e se eu...
Seria tão bom ter um eu-controle. mexer nas variáveis (escolhas) do eu e deixar o controle intacto. só pra ver o que aconteceria se...

e a gente aprende a parar de conjugar verbos assim, no mais-que-perfeito-imperfeito? será?

(escrevi esse texto em 03/2009, mas ele é atemporal!)

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