Aqui vale tudo, todos os humores. e também vale sazonar. vale em todas as línguas, até a inventada. Aqui cabe tudo. eu, você, eles. e também os filmes, os livros, a música e a ciência. um bocadinho da nossa dieta onívora!
domingo, 26 de abril de 2009
nas inconveniências
…Raquel não sabia se ainda vivia uma história de amor. Já haviam passado duas horas há tempos e o diretor não gritou Corta! nem nada…deixou continuar na realidade. Ela não sabia se esperava um final trágico após 3 anos de reviravoltas e amadurecimento emocional, como em um bom drama de amor. Não sabia se protagonizava uma comédia romântica e deveria esperar um cômico final feliz. Se confundiu ainda mais quando lendo Guimarães Rosa percebeu que “um amor tem muitos modos de parecer que morreu” e que também tem muitas formas de morrer sem ser percebido. Depois disso não soube mais como se portar, não interpretava nada direito com medo de estar ensaiando o papel errado. Se achava patética quando pensava que podia estar lendo as falas da atriz principal por engano, e preferiu deixar de atuar. Depois de 9 meses do final de seu relacionamento com Maurício, Raquel não se achava mais no direito de chorar, mas não havia chorado quando podia. Vivia em lágrimas secas de sofrimentos atrasados, sofrimentos culpados e dores invisíveis. Vivia em melancolia. Sem motivo manifesto para a tristeza se justificar, a dor de membro amputado deu lugar à única dor que pode ser sem motivo algum. A dor que “recusa dizer seu nome”. Raquel não subia mais no palco....
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