sábado, 11 de abril de 2009

Náufrago

E lá ia ela começar uma horta, e escrever um livro embaixo da árvore que ela plantou a tempo que estivesse grande quando o filho que gerava estivesse adulto. Ela ia aprender a cozinhar, e a costurar. Teria amizades verdadeiras, teria um grande amor, teria….Rosa não sabia nada que servia para alguma coisa. Sabia pouco das coisas. Por isso resolveu escrever. Queria ser algo. Queria engravidar. Queria ter uma vontade eterna de querer. Mas tinha medo do mar. Tinha aqueles sonhos de ondas gigantes, onde fraca e impotente se afogava sem nem despertar, ou era forte e grande e vencia o mar sem nunca ganhar. Era tudo um sem querer. Os sonhos, as árvores, o livro que escreveu, a horta, a costura, a comida que nunca preparou. Esse não ser era todo ela, e ele aprendeu a aceitar. Aprendeu a ser menor que o mar. Se afogou sem nem despertar.

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