sábado, 11 de abril de 2009

querer

Não quero mais ouvir sua voz, nem ler suas palavras, nem sentir. Quero você fora daqui, mas você fica e sou eu que tenho que ir. E vou nesse passo minguado, nessa lentidão desafinada. Assombra alcança assola. Amanhã eu vou embora. Parece piada de mau gosto, um golpe rasteiro e baixo que me joga no chão e olha enquanto eu levanto de novo e de novo.
Ainda choro. Ainda me lembro da minha estupidez e da sua estupidez. Em todas as esquinas, em todo final de filme, ela acena.
Quero desfazer o não feito e, assim, poder liquidar o nó, desmanchar a fumaça, apagar o traço. Te afastar do centro e te deixar na borda, no canto mais longe, fora da tela. Naquele canto que eu nunca olho. Naquele lugar onde todos os detalhes são menosprezados, esquecidos, ordinários.
Foda-se o grito. Foda-se o sussurro. Foda-se o choro e os risos.

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